A fome batendo na porta dos militares!

(*) José Geraldo Pimentel –

Quem tem fome, tem pressa, dizia o Betinho. Eu começo a acreditar que a fome primeiro ataca o estômago, depois a mente e por último a vergonha. Não é à toa que algumas mulheres, levadas pelo desespero, caem na prostituição, uma opção de vida nada dignificante.

A maioria das mulheres, mesmo nas condições mais miseráveis, vai à luta, trabalha e consegue administrar a família. E como têm mulheres desempenhando o papel de provedoras do lar! A minha ex-diarista é uma dessas mulheres que sustentam a família. É casada e vive com o marido. Em seu caso o esposo faz biscates, mal conseguindo levar uns trocados para casa no final do dia. Mas a Margareth consegue todos os dias o suficiente para garantir as despesas com o alimento, fecha o mês pagando rigorosamente as contas de luz, água e gás. E ainda compra as ‘coisas’ que vê nas casas de suas patroas. Se põe na cabeça que tem que adquirir um rádio de cabeceira, pode anotar que em poucas semanas o aparelho estará entrando pela porta da frente de sua casa. Sem comprar à prestação, ‘deixando’ o lucro com as financeiras! Como diz orgulhosa.

Eu tenho muita admiração por esta mulher valente. Minha preocupação é descobrir que a esposa de um militar,- independente de posto ou graduação,- seja flagrada no calçadão de Copacabana, rodando bolsinha. A tentação é enorme.

Se as mulheres dos militares aceitarem a sugestão do ilustre ministro da Fazenda, Guido Mantega, que no cargo de ministro do Planejamento, recomendou que as mulheres dos oficiais fossem ‘à luta’, para ajudar no orçamento familiar, não vai ser nada bom para o conceito dos militares, que já anda caidinho com tanta humilhação patrocinada por Paulos Vannuchi, Tarsos Genro, Lulas da Silva, promotores estaduais chinfrins de São Paulo, presidentes da OAB, e uma trupe de mal intencionados que não se emendam, achando que podem tudo!

A má fama é tamanha que se escreveu uma novela que irá ao ar no próximo dia 31, contando “as barbaridades praticadas pelos militares, contra jovens indefesos que lutavam pela liberdade de seu país! Atualmente é moda reescrever-se a história, malhando os militares. Na época, que eu saiba, nenhuma mulher atendeu ao apelo do ministro Mantega. O que se viu foram as mulheres arregaçarem as mangas e partirem para as ruas, batendo com colheres e paus em panelas, fazendo a maior arruaça em Brasília.

Acamparam em praça pública e mantiveram o protesto até sair um reajuste salarial. Pequeno e parcelado em suaves prestações, mas saiu. As autoridades militares não aprovaram a idéia, mas se beneficiaram da atitude das ‘guerreiras’, como passaram a ser chamadas essas bravas mulheres.

O dia escolhido para as manifestações mais acaloradas era quase sempre na troca da Bandeira Nacional, na Praça dos Três Poderes. O silêncio se abateu sobre as ‘guerreiras’ depois que foram obrigadas a desmontar o seu acampamento. Quase não se houve mais falar nessas senhoras.

Que diferença que existe entre a mulher de um político, de um dirigente sindical, de um diretor de estatal, de um empresário, de um empreiteiro, que vivem mamando nas tetas do governo; e uma mulher de um militar?

As mulheres dos militares contentam-se com a mesada que os maridos lhes dão no final do mês. Elas correm felizes para as lojas de departamentos onde se anunciam promoções. Sabem de todos os preços dos gêneros alimentícios. Compram sempre onde há promoção. E não reclamam da vida. Chegam em casa com enormes sacolas pesadas, com o feijão, o arroz, a carne moída, o pedaço de frango, o peixe e os legumes e frutas que conseguiram por ‘preços mais em conta’. Dificilmente vão ao cabeleireiro. Tingem o cabelo em casa. Fazer as sobrancelhas e unhas, o fazem em casa.

Depilar o corpo, nem pensar. Muitas evitam freqüentar a piscina de seus condomínios, por razões óbvias. Queixam-se, mas são felizes! Nunca aceitaria de seu esposo um presente que fosse conseguido de forma não convencional. Seus maridos não compactuam com os processos de licitações fraudulentos.

Não sabem o que seja o benefício de um tráfico de influência, tão em moda nos bastidores da agiotagem política do submundo das administrações municipais, governamentais e federais. A Casa Civil da Presidência da República na gestão da atual presidenta da república (presidenta como gosta de ser chamada), tornou-se referência neste método de ação criminosa.

Que o diga o filho do presidente Lula, que se beneficiou com este tipo de operação, quando a companhia de telefonia, devedora dos cofres públicos, passou a ser credora de um empréstimo acima de 7 bilhões de reais. E o primogênito do presidente, sócio da Oi, encheu as burras com tanto dinheiro! Os gastos com os chamados cartões corporativos da presidência da república, transformados em ‘segredo de Estado’ por um general de Exército muito zeloso das maracutaias presidenciais, chegaram só no ano passado, 2010, ao valor astronômico de 885 mil reais.

O ex-presidente Lula e sua consorte gastadeira, e inútil como primeira-dama, sabe como gastar, sem fazer cerimônia. Tão esperto que baixou um decreto estabelecendo as mordomias que os ex-presidentes têm direito. Auto beneficiou-se de maneira despudorada. Ele é dos que dão um tostão para o miserável, e embolsa dez tostões.

Com a Bolsa Família tornou-se o Robin Hood tupiniquim. Mas não ajuda só os desempregados, que não vêem espaço para ganhar um emprego, – emprego garantido só para a malta de comuno-petistas e assemelhados que poluem em torno do Palácio do Planalto.

Não se tem notícia de um deputado que tenha perdido uma eleição, um ex-sindicalista, ou amigo do rei,- que não tenha arranjado uma ’boquinha’ no governo. A demanda é tamanha que a cada dia se cria um novo ministério, ou secretaria especial. E tão especial que os detentores desses cargos se nivelam em valores remuneratórios aos comandantes militares, a subespécie da carreira de Estado. Oficias das Forças Armadas recebem salários inferiores aos pagos pelos agentes federais, sejam da Polícia Federal, Policias Militar e Civil de Brasília, e Policia Rodoviária.

Tem ascensorista do Congresso Nacional que tem salário superior aos proventos de um coronel do Exército.

– Militar ganha pouco, mesmo sendo de carreira de Estado, porque o contingente das FFAA é grande, alegou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, quando se discutia o reajuste salarial há três anos atrás.

Militar é assim mesmo. Acredita em Papai Noel.

Promete-se reequipar as FFAA, construindo submarinos, até um movido a energia nuclear, aviões de caça de última geração, e material ultramoderno de uso terrestre. Só promessas. Mas não se fala em reajuste salarial, porque esta promessa costuma ser cobrada. Não tocando no assunto, não se assanha as abelhas! Tenho tido notícias de fuga em massa de militares novos, em início de carreira, oficiais e graduados, que fazem concursos públicos e picam a mula.

Amor à farda não enche a barriga! Concordo!

Têm militares que descobriram o golpe de se dizer separado da esposa, e se beneficiar de uma ‘moratória física’. Os empréstimos consignados, as dividas com o cartão de crédito (não aquela dádiva dos deuses de ‘cartões corporativos’, que se usa “a la vonté”, e a conta vai para a ‘Viúva’ pagar), são transformados em restos a pagar quando a empresa sair do vermelho. A empresa no caso é o militar endividado até a raiz dos cabelos!

O indivíduo faz um empréstimo, mais um segundo fechando o limite consignado. Deixa passar uns meses e renova o empréstimo, conseguindo uns trocados. Antecipa o recebendo da primeira parte do décimo terceiro salário, que seria pago em junho, e o devolve com juros ao banco. Na realidade nem chega a ver esta parcela do décimo terceiro salário, que será abatida dos seus vencimentos! E as dívidas vão se acumulando.

Com a moratória física, cessa o compromisso de pagar as dividas bancárias e os endividamentos feitos em lojas. O processo é realizado no órgão pagador de cada Força. A separação do casal é de mentirinha, pois o cidadão continua de corpo presente em casa, ao lado da esposa e filhos! Uma separação fictícia, consensual e salvadora!

A situação financeira da maioria dos militares está insustentável. Muitos pensam, mas não têm a coragem daqueles dois oficiais generais que enfiaram uma bala de pistola no céu da boca.

– Olha, seu Pimentel. Eu posso até chegar a este limite. Mas garanto que o primeiro tiro não será dado em mim! Juro pelos meus filhos! E cai em prantos.

Não foi o primeiro e nem será o último companheiro que me procura para falar de sua desdita.

O ministro Mantega, hoje no Ministério da Fazenda, já avisou que não existe margem para ceder aumento para os militares. Se insistirem, não tenham dúvida que o zeloso ministro irá repetir o seu conselho: que as esposas dos militares vão à luta, se quiserem reforçar o orçamento familiar!

Pensando bem, para que dar aumento aos militares, se logo, logo estarão sendo julgados pela Comissão Nacional da Verdade e condenados à morte. Não vejo diferença entre morrer de fome e morrer fuzilado! Morre-se do mesmo jeito. Se fôssemos presos por vadiagem, estupro, assalto à mão armada, roubo seguido de assassinato, ter-se-ia direito a uma Bolsa Reclusão, por sinal, maior do que o salário mínimo.

O marginal é tratado com mais atenção do que o trabalhador que acorda às cinco horas da manhã, enfrenta duas, três conduções para ir ao trabalho, é assaltado no trajeto do trabalho por um marginal, que se for pego, passa a receber uma ajuda de custo (Bolsa Reclusão) e viver sem fazer força. O ex-terrorista ganha indenização e pensão milionária, sem descontar Imposto de Renda.

– Olha, seu Pimentel, diz para mim um servente de pedreiro, se eu não tivesse claustrofobia, ia praticar um delito, e passar a morar num presídio. Aposto que minha família iria ter mais conforto do que agora.

– Não ‘cumpanhero’, consegue uma carteira de petista e começa a ter boa vida. Nada de pegar no pesado. Só assinar o ponto no final do mês e faturar uma grana preta!

(*) José Geraldo Pimentel é Capitão reformado do Exército Brasileiro