Discursos ufanistas e divergências continuam empacando a prometida reforma política

Conversa fiada – Na estreia da atual legislatura, em 1º de fevereiro passado, alguns políticos resgataram a conversa velhaca de que o Brasil necessita urgentemente de uma reforma política. Desde então, deputados e senadores têm se dedicado a elucubrações diversas, sem que nada de concreto tenha acontecido.

Quando o assunto foi ressuscitado, os jornalistas do ucho.info alertaram para uma necessidade premente. Promover uma mudança na forma de se fazer política, muito da aludida reforma política, que se implementada com base nas discussões atuais patrocinará algo que pode ser chamado de mesmice ligeiramente diferente.

Na terça-feira (12), o presidente da Comissão da Reforma Política na Câmara, deputado Almeida Lima (PMDB-SE), reuniu-se com outros parlamentares para discutir a forma de financiamento de campanha. O encontro zizagueou entre duas propostas distintas de financiamento: público e misto (privado e público), mas pouco se avançou na direção de uma decisão que contemple os anseios da sociedade. Tudo porque a maioria dos que atualmente estão no poder defendem a manutenção do atual modelo de financiamento, o que em tese garante a manutenção do status quo. Crítico do financiamento público, Almeida Lima entende que a classe política atualmente não tem condições para fazer tal proposta.

Relator do projeto de reforma política, o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), que defende o financiamento misto de campanha, disse que solicitará ao Tribunal Superior Eleitoral um levantamento dos gastos das campanhas eleitorais de 2010. Mesmo o TSE atendendo à solicitação de Fontana, a verdade sobre os gastos de campanha jamais será revelada, pois o modelo vigente de financiamento se alimenta do dinheiro do setor privado e reforça a prática do malfadado caixa 2. Como ninguém despeja dinheiro em campanha política pro patriotismo ou diletantismo, a contrapartida sempre é cobrada após a eleição, o que aumenta a distância que separa os eleitores dos eleitos.

Para se ter ideia da inocuidade do pedido a ser formulado pelo deputado Henrique Fontana, uma campanha presidencial com chances de sucesso não sai por menos US$ 300 milhões. Na maior cidade brasileira, São Paulo, um candidato à prefeitura que quiser alcançar o cobiçado cargo deve passar o chapéu para amealhar pelo menos R$ 40 milhões. Em alguns estados do Nordeste, por exemplo, uma bem sucedida campanha à Câmara dos Deputados não sai por menos de R$ 8 milhões. No caso de uma candidatura deputado federal, causa estranheza o fato de o candidato investir durante três meses de campanha uma verdadeira fortuna para, se eleito, receber em quatro anos de mandato salários que somam perto de R$ 1,2 milhão.

Considerando que o TSE repassará ao deputado Henrique Fontana informações que nem de longe confirmam a realidade aqui exposta, gastar o dinheiro público com mais uma cortina de fumaça é zombar do contribuinte.