Novela sobre atuação da esquerda brasileira na ditadura sepulta o escândalo do Panamericano

Operação abafa – Logo após se reunir com Luiz Inácio da Silva no Palácio do Planalto, no segundo semestre de 2010, o apresentador Silvio Santos disse aos jornalistas que o aguardavam que o objetivo do encontro era pedir ao então presidente uma doação para o “Teleton”. Uma mentira deslavada, pois quem acompanha de perto o cotidiano da política brasileira sabe que Lula é um “pão-duro” que no máximo faz cortesia com o chapéu alheio.

Meses depois, a notícia sobre uma escandalosa fraude contábil no Banco Panamericano acabou trazendo à tona as verdadeiras razões do encontro. Como a Caixa Econômica Federal na ocasião já era dona de 49% do Panamericano, o nada incauto Senor Abravanel foi até Lula para buscar ajuda, o que lhe permitiria, tempos depois, preservar o próprio patrimônio. Como no mundo da política não há coincidências e muito menos é freqüentado por adeptos do diletantismo, Lula da Silva não apenas evitou uma gritaria por parte dos companheiros, como autorizou uma operação de salvamento da instituição financeira.

Como a corrida presidencial em marcha acelerada, coube ao SBT encampar a polêmica da agressão sofrida pelo tucano José Serra durante caminhada no Rio de Janeiro. A emissora do dono do Baú tentou desqualificar o ataque, alegando que Serra protagonizara uma farsa.

Sob a desculpa de se evitar um risco sistêmico no mundo verde-louro das finanças, o Banco Central endossou um bilionário aporte de capital feito pelo Fundo Garantidor de Crédito e que acabou salvando o Panamericano. Acontece que a cada dia surgia uma nova informação sobre o rombo na contabilidade do banco. Iniciado em R$ 2,5 bilhões, o desfalque terminou em inexplicáveis R$ 4,3 bilhões. Foi quando entrou em cena o Banco BTG-Pactual, que comprou por R$ 450 milhões a parte pertencente a Silvio Santos na instituição financeira.

Quando, no governo de Fernando Henrique Cardoso, os bancos Marka e Fontecindam foram à bancarrota, mesmo com a ajuda do Proer, o Partido dos Trabalhadores promoveu uma gritaria sem precedentes, exigindo punição implacável aos responsáveis. Protesto idêntico, porém menos deselegante, aconteceu no caso do Banco Santos, de propriedade de Edemar Cid Ferreira, que tenta provar na Justiça que a foi política a decisão de liquidar a instituição, cuja contabilidade à época era positiva.

Deputado federal pelo PPS de São Paulo, Arnaldo Jardim desistiu momentaneamente de ouvir em audiência pública o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini; a então presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho; o diretor-executivo do BTG, André Esteves; e o empresário Silvio Santos. Jardim foi convencido pela tropa de choque do governo federal, que como desculpa esfarrapada alegou que o presidente do BC não poderia comparecer à audiência por conta de compromissos assumidos anteriormente, mas que o faria em no máximo vinte dias. Como nada aconteceu, é preciso cobrar do deputado Arnaldo Jardim uma explicação, pois como está não pode ficar.

Salvo o patrimônio do empresário Senor Abravanel, que na boca do povo é conhecido como Silvio Santos, e evitado um novo e rumoroso escândalo com a chancela do messiânico Lula, a ordem era dar a contrapartida ao PT palaciano. E mais uma vez essa operação coube ao SBT, que recentemente colocou no ar uma novela que retrata a atuação da esquerda brasileira durante a ditadura militar. Longe de querer questionar a qualidade criativa da rocambolesca trama, mas até mesmo quem participou da resistência aos militares já fez comentários nada abonadores ao folhetim do SBT.