De olho nas urnas de 2012, políticos transformam creches municipais em depósitos de crianças

Vale tudo – Com a aproximação do período de definição dos nomes que em 2012 disputarão as 5.564 prefeituras do País, muitos dos serviços municipaisoferecidos aos cidadãos tornaram-se mais flexíveis, viáveis e constantes. De olho nas urnas, os que agora estão no poder e sonham com a reeleição começam a viabilizar aquilo que até recentemente era impossível de ser conseguido.

Um dos temas que rendem votos aos candidatos é a abertura de vagas em creches municipais, cujo ingresso deveria ser democrático, contínuo e incondicional. Em uma das cidades da Grande São Paulo, a prefeitura decidiu aumentar descontroladamente o número de vagas nas creches locais, transformando os estabelecimentos em verdadeiros depósitos de crianças, mas garantindo os votos das famílias em tese beneficiadas com a medida irresponsável.

A denúncia partiu de uma servidora da cidade e leitora do ucho.info, que conversou com a reportagem sob a condição do sigilo. De acordo com nossa entrevistada, em uma das salas de aula, destinada a crianças com até pouco mais de um ano, são mais de trinta os inscritos. Sempre lembrando que muitas cidades brasileiras, inclusive São Paulo e adjacências, estão sob um surto de conjuntivite. Para complicar a situação, a prefeitura local disponibiliza apenas duas atendentes para cuidar de três dezenas de crianças, como se essa fosse a mais fácil das tarefas do planeta.

Quando ainda era candidata ao Palácio do Planalto, a agora presidente Dilma Rousseff usou o palanque eleitoral para falar da necessidade de se construir mais creches no País. Dilma chegou ao cargo máximo da nação, sabe que nos municípios tal é prática é comum, mas nada faz para coibir um ato que pode ser considerado como um atentado contra a cidadania.