Rompante de fúria de Requião mostra a necessidade de se mudar a forma de fazer política

Momento Gardenal – No momento em que o Congresso Nacional se prepara para discutir com a sociedade a reforma política, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi protagonista de um ato de truculência no plenário do Senado federal, na tarde de segunda-feira (25). Questionado pelo repórter Victor Boyadjian, da Rádio Bandeirantes, sobre a pensão de R$ 24.117,62 que recebe como ex-governador do Paraná, Requião arrancou o gravador das mãos do repórter.

O entrevero foi parar na Polícia Legislativa do Senado, que alegou não poder registrar um boletim de ocorrência contra um senador. O que mostra que se trata de uma forca policial a serviço dos parlamentares, não importando se um senador age delituosamente.

O destempero de Roberto Requião não é novidade para ninguém. Da Boca Maldita, no centro de Curitiba, às mais distantes regiões do interior do Paraná, o ex-governador é conhecido popularmente como “Maria Louca”. Não se sabe se a alcunha de Requião tem alguma ligação com a infanta Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana, rainha de Portugal e princesa do Brasil, que ficou conhecida como “A Louca” por causa da doença mental que se manifestou ainda juventude, ou se faz alguma alusão à aguardente produzida pelos detentos no sistema prisional, a partir da fermentação de cereais e casca de frutas, que leva o usuário da bebida a atos incontidos.

Nove entre dez parlamentares brasileiros acreditam que um diploma expedido pela Justiça Eleitoral e um broche de deputado ou senador é garantia de salvo conduto. Muitos desses eleitos pelo povo ainda fazem da frase “você sabe com quem está falando?” uma espécie de cartilha do cotidiano.

No microblog que mantém no Twitter, Roberto Requião continuou mostrando o seu descontrole após o incidente. “Acabo de ficar com o gravador de um provocador engraçadinho. Numa boa, vou deleta-lo”, escreveu o ex-governador em seu microblog. Após apagar a entrevista, Requião devolveu o gravador ao repórter sob a alegação de que era dono da entrevista.

Requião é um farsante que sempre se impôs sob o manto da sua truculência verbal, como se alguém tivesse medo de um político em fim de carreira que transformou o governo do Paraná em um negócio de família, não sem antes posar como se fosse a versão tropical e moderna de Adolf Hitler. A atitude covarde de Roberto Requião, que deveria dar explicações na delegacia como um cidadão comum, respeitando o preceito constitucional de que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza”, mostra que é preciso reforma a maneira de se fazer política. Acontece que no Brasil alguns são mais iguais que a maioria.

O discurso de Roberto Requião – que é um nacionalista convicto e que “é preciso discutir o Brasil” – não passa de conversa mole da pior qualidade, pois para se reeleger governador do Paraná métodos pouco usuais foram utilizados na campanha. Os que tiverem dúvidas devem procurar o ex-candidato Osmar Dias (PDT), que por pouco, muito pouco, não tomou de Requião o trono paranaense. Quem acompanhou a eleição de 2006 sabe muito bem a extensão do jogo sujo que prevaleceu nos bastidores. Com a palavra, o ex-senador Osmar Dias.