Dilma repete o profético Lula e erradicação da miséria bambeia entre discursos e estatísticas

Conversa mole – Durante os oito anos em que esteve instalado no Palácio do Planalto, o boquirroto Luiz Inácio da Silva rodou o mundo na condição de versão genérica e tropical de Messias. Lula, falastrão como sempre, abusou do discurso de erradicação da miséria, assunto que tentou resolver com a cobrança de uma pequena taxa nas refeições vendidas em todos os restaurantes do planeta. E por questões óbvias a ideia não prosperou.

Tão logo chegou ao mais alto posto do País, Lula da Silva lançou com a costumeira pirotecnia o Programa Fome Zero, que serviu de pano de fundo para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e sequer saiu do discurso. Mesmo diante do fracasso do programa, Lula se valeu do Bolsa Família para formar um curral eleitoral que até hoje troca a obediência por esmolas sociais.

Antes de desocupar a sede do Executivo federal, Luiz Inácio da Silva fez questão de rodar o País para se despedir daqueles que, financiados pelo dinheiro público, mantiveram a sua popularidade em alta. Contudo, o mais importante não foi solucionado. A erradicação da miséria.

Nesta terça-feira (3), o governo federal anunciou que a linha oficial de extrema pobreza no País é de R$ 70 mensais per capita. O anúncio foi feito pela ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, e o valor servirá como referência para as ações do “Plano Brasil sem Miséria”, a ser lançado em breve pela presidente Dilma Rousseff. De acordo com o programa, qualquer cidadão que tenha rendimento menor ou igual a R$ 70 será enquadrado na faixa de extrema pobreza. O “Plano Brasil sem Miséria” contará com três frentes de ações: transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva.

Trata-se de mais uma pirotecnia palaciana, pois de acordo com o que determina a Constituição Federal nenhum brasileiro pode receber menos que um salário mínimo mensal. Isso só acontece porque o Estado, como um todo, é omisso e conivente com essa prática que com facilidade pode ser considerada criminosa. Atualmente, 16,27 milhões de brasileiros estão na chamada linha de extrema pobreza, número que representa 8,5% da população nacional.

Quando o reajuste do salário mínimo entrou em discussão, os palacianos alegaram que um aumento maior do que o previsto pelo governo era inviável. Acontece que com os atuais R$ 545 é impossível sobreviver com doses mínimas de dignidade. Para provar que o discurso de Dilma Rousseff e seus companheiros não passa de mais um embuste oficial, uma dúzia de mexerica custa, na Ceagesp, em São Paulo, absurdos R$ 6. Se um desses brasileiros considerados extremamente pobres consumir quatro mexericas por dia, ao final de um mês terá desembolsado R$ 60.

Resumindo, o governo da neopetista Dilma Rousseff, a exemplo do que ocorreu com o de Lula da Silva, será refém de slogans absurdos e intangíveis. Enquanto Lula flanou na frase “Brasil, um país de todos” – que está provado que não é – Dilma agora tenta pegar carona em “País rico é país sem miséria”. E como dizia o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, “quem tem fome tem pressa”.