Morte de bin Laden no Paquistão recobre a guerra do Afeganistão com o manto da burrice

Lado B – Nove em cada dez norte-americanos continuam comemorando a anunciada morte de Osama bin Laden, mas sete em cada dez pessoas ao redor do planeta ainda duvidam da eliminação do principal inimigo da América.

Independentemente das opiniões divergentes, o fato de a morte do chefe da Al-Qaeda ter ocorrido no Paquistão coloca a Casa Branca em situação difícil, sendo que a dificuldade recai com maior peso sobre os republicanos. Semanas após os atentados de 11 de setembro de 2001, o então presidente George W. Bush ordenou a invasão do Afeganistão, sob a desculpa de que o terrorista saudita estaria em um esconderijo encravado em montanhas afegãs. Desde então, muitos morreram no vácuo da tese sustentada pelo serviço de inteligência dos Estados Unidos, mas nesse período nenhuma pista concreta de Osama bin Laden foi conseguida. A eventual prova, arrancada sob tortura de um preso em Guantánamo, só veio à lume em 2010.

Tal cenário mostra não apenas que foi burra a decisão de invadir o Afeganistão, destruindo um país que até hoje vive entre a miséria e o fundamentalismo religioso, mas que ao povo afegão é devida uma bilionária indenização pelos estragos produzidos por uma guerra desnecessária e sem planejamento. Turbinar a beligerância com base em dados infundados tornou-se uma especialidade dos norte-americanos. A invasão do Iraque, outrora aliado dos EUA, se deu com base em informações mentirosas de que o então ditador Saddam Hussein mantinha sob seu comando um arsenal de armas químicas. As tropas ianques invadiram o Iraque, destruíram o que encontraram pela frente, mas nenhum produto químico com potencial bélico foi localizado.

Resta saber se, encerradas as desnecessárias comemorações, se o presidente Barack Hussein Obama assumirá a culpa pela invasão covarde do Afeganistão. Isso tem grandes chances de acontecer, mesmo que custe fortunas aos cofres da Casa Branca, pois o ônus da ação recairá sobre o republicano George Walker Bush. E como Obama está em campanha por uma reeleição que tornou-se mais viável depois da morte de bin Laden, tudo é possível.