“Companheiro” que tratou com desdém a morte de Celso Daniel foi escalado para o caso Palocci

Escolhido a dedo – Os brasileiros continuam indignados com a decisão do governo da neopetista Dilma Rousseff de não investigar a meteórica evolução patrimonial do companheiro Antonio Palocci Filho, atual chefe da Casa Civil, mas o assunto não deveria causar tamanho espanto, pois é assim que funciona em qualquer ditadura do planeta.

Para provar que o assunto está literalmente encerrado, Dilma escalou ninguém menos que Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, para dar à imprensa as derradeiras informações. Diante de câmeras e microfones, Gilberto Carvalho disparou: “A própria Comissão de Ética [Pública] já se pronunciou e o governo está satisfeito com o pronunciamento da Comissão de Ética. Pra nós é tocar a vida pra frente que temos muito trabalho”.

O que para a maioria pode parecer estranho, para os que acompanham os bastidores da política nacional é algo corriqueiro. O anúncio da decisão do governo deveria ser de responsabilidade do porta-voz da Presidência, ou até mesmo da própria Dilma Rousseff, mas a escolha de Gilberto Carvalho para a tarefa foi um ato pensado, pois o secretário-geral trata com frieza temas espinhosos, como foi a misteriosa e trágica morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André.

Logo após a morte de Celso Daniel, o então secretário municipal Gilberto Carvalho foi flagrado pela polícia em conversa telefônica com Miriam Belchior (ministra do Planejamento), então namorada do prefeito petista que comandou uma das mais importantes cidades do Grande ABC. Sem nenhum constrangimento, em uma das gravações, Carvalho abusa da frieza e diz que Ivone Santana, então namorada de Celso Daniel, vinha desempenhando bem o papel de viúva.

Celso Daniel foi morto por encomenda apenas porque sabia demais sobre o esquema de corrupção que arrecadava dinheiro de empresários para financiar a campanha presidencial de Luiz Inácio da Silva. Diante desse descalabro, lidar com a escandalosa evolução patrimonial de Antonio Palocci é um reles aperitivo para Gilberto Carvalho.