Evitar a criação da CPI do Palocci depende do PMDB de Sarney e custará muito caro ao Planalto

Escambo oficioso – Um futuro menos turbulento para o ministro Antonio Palocci Filho, acusado de multiplicar meteórica e geometricamente o seu patrimônio em curto espaço de tempo, pode custar muito caro ao Palácio do Planalto. Tudo porque a tropa de choque do governo insiste em afirmar que nada há de escuso nos negócios de Palocci, mas o próprio ministro se recusa a dar explicações.

Há muito sem dar qualquer declaração sobre detalhes de sua administração, até porque a escalada da inflação tem lhe imposto uma obsequiosa mudez, a presidente Dilma Rousseff parece decidida a abandonar Palocci Filho caso o escândalo de que o ministro é alvo recrudesça na imprensa nacional e na opinião pública. Se a semana que ora começa romper com o milagre da multiplicação protagonizado por Palocci na boca do povo, o ministro-chefe da Casa Civil tem tudo para mergulhar em um processo de fritura. Afinal, o que o projeto de ditadura civil que está em marcha menos precisa no momento é um ressurgimento triunfal da oposição.

Depois de sofrer derrota na Câmara dos Deputados, onde a base governista derrubou os requerimentos de convocação de Antonio Palocci Filho, os partidos de oposição se articulam para criar uma CPI Mista para investigar os negócios, por enquanto suspeitos, do ministro, cuja empresa de consultoria financeira (Projeto) faturou R$ 10 milhões de apenas dois meses e algo em torno de R$ 20 milhões em um ano.

Um eventual veto à criação da CPI está nas mãos do PMDB, mais precisamente na de José Sarney, presidente do Congresso Nacional. Caberá ao senador pelo PMDB do Amapá e coronel da política maranhense impedir que uma Comissão Parlamentar de Inquérito investigue os negócios de Palocci. E isso certamente custará ao Palácio do Planalto alguns cargos de destaque no segundo escalão do governo federal e a promessa de novos ministérios no momento da primeira troca de cadeiras com vistas às eleições municipais.