Senador tucano acusa promotor de “vingança pessoal” nas denúncias contra a Assembleia do Pará

Mulher empregada – As denúncias do Ministério Público Estadual do Pará contra a Assembleia Legislativa ganhou na tarde desta quinta-feira (26) novos desdobramentos. O senador Mário Couto (PSDB-PA) resolveu contra-atacar o promotor que encabeça as investigações, Nelson Medrado. O parlamentar acusa o representante do Ministério Público de fazer uma cruzada pessoal contra ele, por conta da demissão da mulher de Medrado, Maria do Perpétuo Socorro Corrêa Medrado, do quadro de funcionários temporários da Assembleia.

Presidente do Legislativo paraense entre 2003 e 2006, Mário Couto teria se negado a atender uma ordem judicial para a reintegração de Maria do Perpétuo. A ordem foi cumprida somente no dia 2 de maio passado pela atual Mesa Diretora, presidida pelo deputado estadual Manoel Pioneiro, atualmente o principal investigado por supostas denúncias de pagamento de funcionários fantasmas e a “laranjas” em esquema fraudulentos de notas fiscais.

O senador afirmou à reportagem do ucho.info que a mulher do promotor não poderia ter sido reintegrada. Estaria numa situação ilegal, mas a juíza Rosileide Maria da Costa Cunha externou pensamento diferente em seu julgamento. Rosileide, atualmente envolvida em denúncias de venda de sentenças, não apenas ordenou a reintegração de Maria do Perpétuo, mas também determinou que a integrasse ao quadro permanente de pessoal da Assembleia, mesmo sem ter feito concurso público. Maria do Perpétuo recebe cerca de R$ 10 mil mensais.

Na quarta-feira (25), Nelson Medrado e colegas informaram à imprensa de Belém que a Assembléia Legislativa do Pará tinha duas folhas de pagamento – uma oficial e outra efetivamente paga, segundo escreveu a jornalista Rita Soares, do “Diário do Pará”.

Nesta quinta-feira, Mário Couto afirmou que o Ministério Público não avaliou bem a questão, porque uma folha refere-se “ao líquido pago” que era depositado no Banco do Estado do Pará (Banpará). A outra seria o valor bruto do funcionalismo. O Ministério Público sugere irregularidade ao comparar as informações fornecidas pela presidência da Assembléia e pelo Banpará. Dois servidores do MP estariam trabalhando na análise dos documentos.

No dia 3 de maio, o ucho.info noticiou que o escândalo estourou com a prisão temporária de quatro servidores e ex-servidores. A prisão dos acusados foi relaxada após o cumprimento de cinco dias de detenção. Pelo menos quatorze pessoas tiveram os documentos usados para ter contratos com a Assembleia, com salários entre R$ 8 mil e R$ 11 mil. O principal depoimento até agora foi da ex-chefe da Seção da Folha de Pessoal, Mônica Pinto, que se apresentou espontaneamente ao Ministério Público. Ela está colaborando com as investigações e pleiteia o benefício da delação premiada.