Mostra de Cinema de Ouro Preto lembra “chanchada” com homenagem ao roteirista Carlos Manga

(*) Carlo Iberê, do CineLux

A VI edição da Mostra de Cinema de Ouro Preto (MG) começa na próxima quarta-feira (15) colocando em evidência a “chanchada”, gênero brasileiro que na década de 1950 foi sucesso de público, virou cult e foi uma das épocas áureas da nossa indústria cinematográfica.

No contexto da CineOP, o grande homenageado é Carlos Manga, montador, roteirista, diretor, e que também participou, a partir dos anos 60, da história da TV brasileira. A programação abre no dia 16, com o clássico “O Homem do Sputinik” (1959), dirigido por Manga.

O filme marca a estreia de uma já sensual e ousada, para a época, Norma Bengell e Jô Soares no cinema, e é uma paródia à guerra fria. Outros trabalhos do diretor também serão apresentados, como “Nem Sansão Nem Dalila” (1954) e “Matar ou Correr” (1954).

A Mostra exibirá ainda outros dois cineastas símbolos da chanchada, Watson Macedo, com “Aviso aos Navegantes” (1950), e José Carlos Burle, com “Carnaval Atlântida” (1952).

A CineOP, além de discutir a questão da preservação do patrimônio cultural audiovisual brasileiro, vai exibir duas obras recém-restauradas de diretores que iniciaram carreiras à época, Roberto Pires e Roberto Farias, com a apresentação de, respectivamente, “Redenção” (1959) e “Rico Ri à Toa” (1957).

Os filmes da Atlântida, a produtora criada em 1941 e que chegou a ser conhecida como a Hollywood brasileira, caracterizaram-se pelo baixo custo, pelo humor sarcástico, e grandes atores, como Oscarito e Grande Otello, no papel de malandros ingênuos e suburbanos.

“As chanchadas viram sinônimo de má qualidade, bagunça, esculacho, sobretudo quando setenciada pela falta de humor do Cinema Novo. No fim dos anos 60, com Rogério Sganzerla e Julio Bressane, a chanchada torna-se cult, reciclável”, dizem os organizados.

Para quem gosta da história do cinema brasileiro, vale a pena viajar no site da Mostra, tem ótimo material de leitura e informação.