Palocci economiza palavras na despedida, mas deixa o Palácio Planalto com munição invejável

Poucas palavras – Oficialmente, o petista Antonio Palocci Filho torna-se, pela segunda vez, ex-ministro. E novamente a sua saída do governo se dá no vácuo de um escândalo. A primeira demissão ocorreu logo após a quebra do sigilo bancário de Francenildo Costa, o caseiro Nildo, que acusou Palocci de frequentar a “República de Ribeirão”, nome dado a uma mansão localizada no Lago Sul, em Brasília, onde o ex-ministro e alguns companheiros se reuniam para negócios e encontros nada ortodoxos.

Há instantes, na cerimônia de posse da sua sucessora, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o consultor Palocci Filho falou pouco, mas aproveitou o tempo para fazer citações literárias, inclusive mencionando Machado de Assis.

Palocci, que ainda não explicou à sociedade a evolução milionária e meteórica de seu patrimônio, deixa o governo de Dilma Rousseff sem revelar a verdade, até porque se assim o fizesse a República implodiria. É sabido que poucas são as empresas de pequeno porte que em apenas dois meses conseguem a proeza de faturar R$ 10 milhões, montante que entrou no caixa da “Projeto Consultoria”. E isso se deu nos meses subsequentes à vitória de Dilma na eleição presidencial de 2010.

Até a tarde de terça-feira (7), o PT palaciano ainda se preocupava com o destino de Palocci depois de deixar o comando da Casa Civil, pois o ex-ministro sai do Palácio do Planalto levando na bagagem informações sobre a verdadeira contabilidade da campanha de Dilma Rousseff, que não saiu por menos de US$ 300 milhões.

Nesta quarta-feira (8), uma ex-colaboradora de Palocci voltou a contatar o ucho.info e afirmou que o ex-ministro não cometeu qualquer ilegalidade na emissão das notas fiscais contra os clientes da “Projeto”, mas ressaltou que era impossível conciliar um mandato parlamentar com os afazeres de um consultor financeiro.

Nada diplomática no trato com as pessoas e com pouca experiência para lidar com crises e tropeços políticos, Dilma Rousseff deve redobrar a atenção de agora em diante, pois o fogo amigo, que derrubou Palocci Filho, por certo ganhará reforço extra nos bastidores do Partido dos Trabalhadores.