Participação de mulheres no quadro de servidores federais cresce 11% em 9 anos

Média de 45 anos – Nunca antes na história deste país tantas mulheres ocuparam cargos administrativos. A frase emblemática poderia facilmente ser vinculada aos mandatos do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Porém, é a atual presidente, Dilma Rousseff, que poderá utilizá-la.
Segundo o Boletim Estatístico de Pessoal, produzido pelo Ministério do Planejamento (MP), em março de 2011, havia 234,6 mil servidoras públicas nos órgãos executivos da União.

É a maior força de trabalho feminina dos últimos nove anos. Em março do ano passado, o número de funcionárias públicas era 228,9 mil. O crescimento exato em um ano foi de 5.696 mulheres.

Nos três primeiros meses do governo Dilma, houve aumento de 0,5% nos cargos executivos ocupados por mulheres. Se o crescimento se mantiver, no acumulado do ano, o aumento no Poder Executivo pode chegar a 2%. A média anual seria maior do que os oito anos do governo Lula, quando os índices não ultrapassaram 1,4%.

No acumulado dos dois mandatos presidenciais passados, o crescimento do efetivo feminino foi de 11%, praticamente igual ao masculino, que chegou a 11,6%. Em contrapartida, no primeiro trimestre de 2011, os cargos assumidos por homens cresceram apenas 0,1%. Até março, havia 281,9 mil homens em cargos dos órgãos federais.

O relatório do MP apontou outros dados da força feminina de trabalho. A média de idade das mulheres ativas nos órgão da administração é de 45 anos. Quantitativamente, a pasta que mais utiliza esse gênero é o Ministério da Educação (MEC), com 106,3 mil mulheres, seguido pelo Ministério da Saúde e da Previdência Social, com 28,9 mil e 21,6 mil mulheres ativas, respectivamente.

Entre as 27 unidades da Federação com servidores ativos do Poder Executivo, apenas Amapá e Roraima possuem mais mulheres do que homens na força de trabalho. No Amapá, dos 8,8 mil servidores, 54,3% são mulheres. Já em Roraima, o percentual é maior. Do total de 8,5 mil funcionários públicos, 56,8% é formado pelo trabalho feminino.

Vale ressaltar que nesses números ainda não constam as mudanças feitas, no mês de junho, pela presidente Dilma, quando a Casa Civil foi assumida por Gleisi Hoffmann (PT-PR). Assim, Dilma aumentou de nove para 10, o número de mulheres ministras. No primeiro mandato do governo Lula havia cinco ministras, recorde só superado pela atual presidente. Além disso, Ideli Salvatti assumiu o Ministério das Relações Institucionais, ampliando ainda mais participação de mulheres no primeiro escalão do governo.

Para Elisiana Renata Probst, no estudo A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho, o mundo anda apostando em valores femininos, como a capacidade de trabalho em equipe, a persuasão em oposição ao autoritarismo e a cooperação no lugar da competição. “Por isso, mulheres ocupam postos nos tribunais superiores, nos ministérios, no topo de grandes empresas e em organizações de pesquisa de tecnologia de ponta. Pilotam jatos, comandam tropas e perfuram poços de petróleo. Não há um único gueto masculino que ainda não tenha sido invadido pelas mulheres”.

O estudo afirma ainda não haver dúvidas de que nos últimos anos a mulher está cada vez mais presente no mercado de trabalho. “Este fenômeno mundial tem ocorrido tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento, e o Brasil não é exceção”, conclui a pesquisadora. A reportagem é de Dyelle Menezes, do site “Contas Abertas”.