Congresso vota a LDO, que muda política fiscal e critério de pagamento de emendas

TCU – Depois de mais de seis horas e três reuniões, a Comissão Mista de Orçamento aprovou o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orientará a elaboração da proposta orçamentária que o governo encaminhará ao Congresso Nacional em agosto. A matéria poderá ser votada nesta quarta-feira (13) no plenário. O vice-líder do governo, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), disse na noite de terça-feira que há acordo para a votação no Congresso Nacional, o que garante o início do recesso parlamentar de quinze dias a partir de sexta-feira (15).

O relator, deputado Márcio Reinaldo Moreira (PP-MG), acatou uma série de reivindicações do Executivo e dos partidos. Elas mantêm o cerne da intenção original do deputado, de proteger as emendas individuais de deputados e senadores do contingenciamento, mas modificaram substancialmente a gestão da política fiscal.

A política fiscal continuará com meta de superávit primário, mas terá de considerar o déficit nominal do setor público em 2012. O superávit primário (receitas menos despesas antes do pagamento de juros da dívida) será de R$ 139,8 bilhões, podendo ser abatido em R$ 40,6 bilhões, valor relativo às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já o déficit nominal (receitas menos despesas, incluídos os juros da dívida) não poderá exceder 0,87% do Produto Interno Bruto (PIB) – em 2010, esse indicador ficou em 2,6% do PIB.

Esse percentual de 0,87% foi incluído por pressão do DEM e equivale à projeção do governo para o déficit nominal ao final do próximo ano. A diferença é que o texto da lei coloca o número como meta, e não mais como projeção. A redação final poderá ser alterada, pois não agrada ao governo.

O relator também acatou uma emenda do PSDB obrigando o governo a incluir na lei orçamentária e nos créditos adicionais toda emissão de títulos da dívida pública de responsabilidade do Tesouro Nacional.

A emenda é de autoria do senador tucano Aécio Neves (MG) e tem como objetivo exigir que as capitalizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passem pela legislação orçamentária, algo que não vem acontecendo desde que o Executivo decidiu, em 2009, usar o banco como braço auxiliar da política de investimentos. O governo entende que a operação financeira exigida não é de alçada das leis orçamentárias.

Para o relator, a medida é importante para dar transparência aos gastos públicos, uma vez que a emissão de títulos para capitalizar o BNDES representa um custo fiscal. Moreira relatou que havia decidido aprovar a emenda quando ela foi apresentada, mas acabou mantendo-a fora do texto a pedido do secretário do Tesouro, Arno Augustin.

Os dispositivos relativos à política fiscal só serão acrescentados no texto durante a votação do projeto no Plenário do Congresso (sessão conjunta da Câmara e do Senado), às 10 horas desta quarta-feira. Isso porque as mudanças decorrem de um amplo acordo feito pelo relator com os partidos, patrocinado pelo líder do governo na Comissão Mista de Orçamento, deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS).

Entre os pontos que só serão incorporados ao texto está a redução do prazo que o Tribunal de Contas da União (TCU) terá para analisar os processos relativos a auditorias de obras onde foram encontrados indícios de irregularidades. Pelo acordo, o tribunal terá 40 dias para se pronunciar sobre cada processo, sendo que dentro deste prazo os órgãos responsáveis pelas obras terão 15 dias para fazer sua defesa prévia. No parecer final, esses prazos eram de 50 dias e 20 dias, respectivamente. O deputado afirmou que a mudança contou com o aval do presidente do TCU, ministro Benjamin Zymler.