Endividamento das famílias cresce na cidade de SP, mas Fecomercio considera índice confortável

Luz vermelha – Quando a crise financeira internacional se aproximou do Brasil, nos derradeiros meses de 2008, o então presidente Luiz Inácio da Silva ocupou os meios de comunicação para pedir aos brasileiros para que mantivessem o consumo em níveis elevados. À época, os jornalistas do ucho.info alertaram para o perigo do repentino endividamento das famílias e o consequente crescimento da inadimplência.

Fanfarrão como sempre, o ex-presidente Lula disse que os críticos da medida torciam contra o Brasil. E nesse grupo foram incluídos todos os jornalistas deste site. O papel do jornalista compromissado com a ética e a verdade é alertar o cidadão para as mazelas do Estado e as ações utópicas dos governantes, atitude profissional que em hipótese alguma pode ser considerada como torcida contra a nação.

A bordo de incentivos fiscais para diversos segmentos da economia, o governo de Lula da Silva viu a crise financeira global produzir poucos solavancos em terras verde-louras, mas as consequências do plano estão refletidas na resistência da inflação, algo que a equipe econômica escalada por Dilma Rousseff não consegue debelar.

Deixando de lado as sandices passadas e colocando no foco o grau de endividamento dos cidadãos, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) divulgou os resultados de pesquisa que aponta o avanço do universo de endividados na capital paulista, que saltou de 46,9% em junho para 47,3% em julho, o que representa 12 mil novas famílias com carnês no criado-mudo.

De acordo com a Fecomercio, que regularmente realiza a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o grau de endividamento dos paulistanos é considerado baixo. Tal cenário se deve aos baixos números do desemprego na maior cidade brasileira e à cautela dos consumidores em relação ao futuro da economia. Em outras palavras, o brasileiro começa a perceber que o nem tudo que foi balbuciado no passado é verdade absoluta.

O grande erro da estratégia palaciana foi inchar a classe média com 39 milhões de novos integrantes, os quais caíram nesse gueto sócio-econômico agarrados ao crédito fácil. Assessora econômica da entidade Fecomercio, Fernanda Della Rosa lembra que a Peic detectou que o cartão de crédito é o vilão do endividamento entre os paulistanos, pois 73,9% das famílias pesquisadas utilizam esse instrumento de crédito. “Esse é um tipo de endividamento que cresceu muito na classe C”, afirma a assessora econômica. No vácuo do cartão de crédito aparecem os carnês (23,6%), crédito pessoal (13,3%), financiamento de automóveis (8,6%) e cheque especial (5,8%).

A pesquisa mostrou também os números da inadimplência. Em julho, o número de famílias com contas atrasadas registrou queda de 0,4 ponto porcentual, ante o mês anterior (15,9%). Isso que significa que caiu o número absoluto de famílias inadimplentes, de 569 mil, em junho, para 555 mil, em julho. “Também é um número muito baixo e que dá um alívio”, destaca Fernanda Della Rosa.

Independentemente do “alívio” mencionado por Della Rosa, é importante ressaltar que o brasileiro de forma geral mudou de hábito na hora da compra de alimentos. Para honrar com as dívidas contraídas sob o manto do apelo do ex-presidente Lula, as famílias começaram a abrir mão de determinados produtos e substituir outros por marcas menos conhecidas, o que proporciona uma pequena folga no orçamento doméstico.

A reportagem do ucho.info pesquisa sistematicamente os preços de alimentos, em especial os de hortifrutigranjeiros, e tem informado os leitores sobre a carestia que o consumidor vem enfrentando para ter à mesa uma refeição minimamente digna.