Senado dos EUA aprova aumento da dívida e evita calote, mas economia deve enfrentar dificuldades

(Getty Images)
Novela encerrada – O Senado norte-americano aprovou no começo da tarde desta terça-feira (2), por 76 votos a favor e 24 contra, o plano bipartidário que elevou o teto da dívida pública dos Estados Unidos e evitou um calote que provocaria consequências devastadoras na economia do planeta.

Sem vencedores, uma vez que a batalha pelo consenso foi eminentemente política, o plano aprovado pelo Capitólio e que será sancionado ainda hoje pelo presidente Barack Obama prevê o aumento da dívida ianque em US$ 2,4 trilhões, mas em contrapartida exige cortes no mesmo valor nos próximos dez anos.

Durante a votação da matéria no Senado, onde a maioria é democrata, os integrantes do partido de Obama pouco se manifestaram, uma vez que o pleito da legenda, o de aumentar os impostos para as pessoas e empresas mais ricas do país, foi rejeitado pelos republicanos, que querem sangrar politicamente o presidente norte-americano até a eleição de 2012.

A proposta de majoração de impostos não está descartada e deve ser discutida após o recesso parlamentar, podendo ser aprovada até o final de novembro. O pacote de medidas que garantiu a aprovação do aumento do teto da dívida sinaliza para tempos difíceis na economia americana, que desde a crise financeira internacional de 2008 enfrentava problemas para se recuperar. Com os cortes anunciados e a falta de dinheiro novo para a Casa Branca estimular a economia, alguns setores devem enfrentar solavancos nos próximos quatro anos.

(Associated Press)

Diante da crise que se abateu sobre a Terra do Tio Sam, acirrada nos últimos dias com a iminência de um calote, os papéis do governo dos EUA podem ser rebaixados pelas agências de classificação de risco, mas isso dificilmente acontecerá. No caso de rebaixamento por parte das agências, os papéis do governo, que atualmente têm o rótulo “triple A”, continuarão sendo uma espécie de porto seguro para os investidores internacionais. O que não impede que os mesmos investidores procurem mercados alternativos, como, por exemplo, os BRICS, grupo econômico de países emergentes do qual o Brasil faz parte.

Os próximos anos não serão fáceis para diversas economias, especialmente porque a Europa vive dias difíceis. Com isso, o governo brasileiro deve estar atento ao movimento migratório dos investimentos, pois uma enxurrada de dólares pode desembarcar no País, colocando a perder todo e qualquer esforço para conter a valorização do Real frente às moedas estrangeiras e para resgatar a indústria nacional do calvário.