Com frases feitas e endereçadas ao militares, Celso Amorim toma posse na Defesa sob elogios de Dilma

(Editor Abril)
Conversa mole e conhecida – A posse do ex-chanceler Celso Amorim como ministro da Defesa, em substituição ao gaúcho Nelson Jobim, foi marcada por frases de efeito, disparadas para contemplar os anseios das três Armas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Após agradecer o apoio e a presença da família, a começar por Ana Maria Amorim, a quem o novo ministro dedicou o vernáculo “cara”.

Sempre fitando os comandantes das Forças Armadas, Amorim afirmou que seu desejo é “ouvir mais do que falar”. Em discurso repleto de cuidados, pois sua chegada à pasta provocou uma intifada silenciosa nas Armas, disse que seu trabalho à frente da Defesa focará o “respeito à hierarquia”, não sem antes classificar como “profissionais” as forças militares do País.

Alegando que há um descompasso entre a defesa nacional e o desenvolvimento, Celso Amorim desmontou seu palavrório ao afirmar que em sua gestão se preocupará com a defesa africana. No contraponto, o ministro declarou a defesa nacional carece de reorganização. Na reunião que terá com o Alto Comando Militar (16 generais, 8 brigadeiros e 8 almirantes), Celso Amorim defenderá a não instalação de armas de destruição em massa na América Latina, inclusive nucleares, e a participação brasileira em missões de paz.

Acontece que Amorim peca por declarações anteriores, pois em passado não tão distante o próprio ministro defendeu o direito do Irã de avançar em seu projeto nuclear, inclusive com direito de produzir armas atômicas. E mais: desfaz-se novamente o discurso de que o Brasil deveria se retirar do Haiti, como disse Amorim quando chanceler brasileiro.

A presidente Dilma Rousseff, que comandou a cerimônia de posse, disse que Amorim “é o homem certo no lugar certo” e que “solidariedade e coleguismo” são marcas do ministro. “Patriota talhado para esta fase do País”, completou Dilma ao se referir a Celso Amorim. Em seguida, a neopetista destacou que os projetos do Ministério da Defesa sofreram “rupturas e atrasos”.

Dilma pode falar o que bem entende, começando pelos textos produzidos por assessores, mas não se pode esquecer que até agora não há decisão sobre a renovação da frota de supersônicos da Força Aérea Brasileira, bem como da esquadra da Marinha, cujas embarcações são numericamente inferiores às necessidades cada vez mais crescentes de patrulhamento da costa verde-loura.

Perguntado pelo jornalista Gilmar Corrêa, editor-adjunto do ucho.info, sobre possível ida para o Ministério da Defesa, Marco Aurélio Garcia, que na era Lula atuou como chanceler genérico, respondeu: “não, estou no ataque, ou melhor, no meio de campo”.