Federação de policiais federais defende uso de algemas, mas ataca delegados da corporação

Jogo de interesses – A Federação Nacional dos Policiais também decidiu entrar publicamente na polêmica sobre o uso de algemas na prisão de suspeitos de crimes do colarinho branco. O uso de algemas na “Operação Voucher”, contra graduados funcionários do Ministério do Turismo, provocou debates no Congresso Nacional e ressuscitou o debate que se iniciou por conta da prisão de um banqueiro na Operação Satiagraha e de outras operações contra crimes de desvio de verbas públicas.

Em nota distribuída há pouco, a Fenapef lembra a Súmula Vinculante nº 11, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), editada em 2008, que restringiu o uso de algemas a casos excepcionais, mas observa que ela ainda não foi regulamentada pelo Congresso Nacional.

“A Fenapef entende que não é o uso de algemas que tem resultado nos abusos mais freqüentes na atividade policial. O emprego de algemas é a regra e o procedimento-padrão das polícias em todo o mundo. São a exposição indevida da imagem de investigados e a espetacularização das operações policiais que provocam graves danos morais e à imagem de pessoas, criminosas ou inocentes, cujos atos ainda serão apreciados pela Justiça”.

Na longa nota, a entidade, que representa cerca de 13 mil policiais federais subalternos, ataca também o vazamento ilegal de informações à imprensa.”Vale salientar que as referidas condutas, quase sempre, são de responsabilidade de delegados da PF, coordenadores das operações ou dirigentes do órgão, pela ânsia de holofotes da mídia, numa clara tentativa de se promoverem, por razões pessoais, corporativistas ou políticas”.

O texto cutuca com vara curta a sensível relação entre agentes, papiloscopistas e os delegados. Recentemente, os delegados promoveram uma paralisação de um dia, mas o movimento grevista não foi acompanhado pelos demais sindicatos da classe policial.