Base aliada mantém rebelião e ameaça votar matérias que geram novas despesas ao governo

Na contramão – Quando Dilma Rousseff começou a promover uma faxina na Esplanada dos Ministérios, no afã de sair ilesa da crise política que há meses domina o seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva aconselhou sua pupila a não esticar a corda, pois do contrário seria difícil conter a ira dos partidos aliados no Congresso Nacional.

Com a limpeza tendo provocado descontentamento inclusive em alguns flancos do Partido dos Trabalhadores, Dilma deve enfrentar, a partir de terça-feira (16), dificuldades no parlamento. Revoltados com os dividendos da “Operação Voucher”, da Polícia Federal, que prendeu mais de três dúzias de envolvidos em esquema de desvio de dinheiro público no Ministério do Turismo, o PMDB deflagrou uma intifada silenciosa que contraria as declarações de seus líderes, que insistem em dizer que a legenda continua apoiando o governo da neopetista Dilma. E o movimento parece ter contaminado outros partidos, alguns dos quais descontentes com a contrapartida palaciana.

Como se não bastasse a decisão da base aliada de não votar matéria de interesse do Palácio do Planalto, o que caracteriza uma greve branca, muitos integrantes dos partidos que dão sustentação a Dilma ameaçam votar projetos que aumentariam as despesas do governo federal. Entre os projetos estão a PEC 300, que fixa um piso salarial para policiais civis e militares e bombeiros em todo o País, e a Emenda 29, que aumenta os gastos públicos com a Saúde.

Um cenário nada animador em termos políticos, especialmente porque momento o Planalto está de olho na crise econômica planetária e empenhado na redução de gastos sem desapontar os aliados, cada vez mais ávidos por cargos e benesses. É esperar para ver.