Prefeito da UnB, que ainda sonha com a reitoria, pede para sair por conta de investigação do MPF

Correndo atrás – O prefeito do campus da Universidade de Brasília (UnB), professor Paulo Cesar Marques, que pretende ser reitor, deixou o cargo nesta quarta-feira (24). Circula nos bastidores da UnB a informação de que motivo do afastamento seria uma investigação do Ministério Público Federal (MPF), que poderá frustrar as pretensões do professor. Paulo Cesar pretende esfriar sua passagem pela prefeitura para depois retornar à disputa pela reitoria. O pagamento de R$ 100 mil em propina é o foco das investigações do MPF.

Para avivar os fatos, uma das sete empresas que disponibilizam mão-de-obra terceirizada à instituição declarou que um dos funcionários da universidade cobrava propina no valor de R$ 100 mil para obter a liberação de um pagamento bloqueado. A Planalto Service presta serviço, com quase 650 funcionários, de limpeza e apoio administrativo à UnB.

A prestadora pediu pagamento de um aditivo contratual que mantém com a UnB. O funcionário da UnB Manoel Martins Jorge Filho, fiscal de contratos de terceirização do Decanato de Gestão de Pessoas, aplicou notificações à empresa Planalto Service. Na base de criar dificuldades para vender facilidades. Manoel negou a atividade conforme matéria da revista “Veja”.

Como a empresa tinha a receber R$ 1,8 milhão, sustentou que Manoel havia criado dificuldades para tentar a extorsão que teriam ocorrido no início de 2011.

Segundo a reportagem da revista, a cobrança de propina não é a única irregularidade praticada na administração do reitor José Geraldo de Souza, ligado ao PT. O funcionário integra um grupo de funcionários ligados ao sindicato da categoria e apoiou José Geraldo de Souza para subir na carreira pública. Foi promovido de xerocopista a gestor de dez milionários contratos de terceirização.

Além da propina, integrantes da universidade interferiram nas contratações feitas pela empresa terceirizada. Foram mais de 100 indicações, 50 recomendações de demissão e 60 pedidos de promoção nos últimos dois anos. A prática vai contra orientações do Tribunal de Contas da União. O próprio Manoel admite ter uma filha e um genro trabalhando na UnB por intermédio da Planalto, o que configura nepotismo.

À época, a Secretaria de Comunicação da UnB negou a existência das indicações e disse ter tomado as providências adequadas no caso de tentativa de extorsão: comunicou o fato à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal – que também havia recebido uma denúncia de funcionários da universidade. A universidade diz ainda que a Planalto foi autuada dez vezes por falhas na prestação do serviço. Abriu também uma sindicância interna cujos trabalhos são mantidos em sigilo. E relata que não foram detectadas suspeitas semelhantes em outros contratos.

Os escândalos de corrupção não são de hoje. Uma vez que não se pode apagar do histórico, é plausível a tentativa de se afastar da prefeitura para evitar constrangimento no momento de se galgar um degrau importante na escalada profissional. O objetivo de tal afastamento é se proteger visando evitar possíveis máculas, ou até mesmo contaminação, a reboque de investigação do MPF.