Afinal, o que é educação financeira?

(*) Álvaro Modernell –

Muito tem se falado em educação financeira. Na mídia, nas empresas, nas escolas. O assunto inseriu-se no cotidiano das pessoas de maneira definitiva. Basta acompanhar os noticiários, folhear boas revistas e jornais e lá está ela, a educação financeira colocada sob diferentes enfoques. Isso é animador!

Mas nem todos têm a clareza do real significado de “educação financeira”. Até mesmo as formas com que certas empresas, jornalistas e profissionais abordam o assunto contribuem para aumentar a confusão. Há quem pense que está relacionada a aprender a investir em ações, ou estudar o mercado financeiro, ou a economizar e deixar de gastar com supérfluos ou simplesmente fazer controle rigoroso das finanças para manter-se afastado de dívidas. Um pouco disso até faz sentido, mas não é essa a essência. Há quem confunda até com o ensino de matemática financeira. Aí a distância é enorme.

Educação financeira é mais ampla do que tudo isso junto. E mais simples. Mas, se não for apresentada de maneira simples o bastante para sensibilizar e orientar, inclusive donas de casa e aposentados distantes do mercado financeiro, crianças e adolescentes, gente de todas as classes sociais e de diferentes níveis econômicos e culturais, então não estará sendo efetiva o suficiente. A educação (até a financeira) deve ser inclusiva.

Os princípios da educação financeira visam ajudar as pessoas a adquirir bons hábitos financeiros para que possam conquistar melhores condições de vida, sejam elas de famílias de baixa renda ou das classes mais privilegiadas. O foco não deve ser na busca de conhecimentos nem na perseguição das riquezas, mas na melhoria de atitudes e posturas que ajudem a fazer o dinheiro render mais, para que proporcione às pessoas mais tranquilidade, mais segurança, mais conforto e mais prazer.

Atitudes simples como pesquisar preços, pedir descontos, comparar produtos e serviços, pagar à vista, controlar as despesas, evitar desperdícios e dívidas, conhecer os direitos do consumidor, pensar no futuro, manter reservas financeiras para emergências ou oportunidades, fazer investimentos compatíveis com os sonhos, preservar bens e buscar a valorização do patrimônio, evitar compras por impulso, antecipar-se às armadilhas do comércio, resistir às tentações do crédito fácil, exigir nota fiscal, informar-se sobre condições contratuais, sobre prestadores de serviços, guardar termos de garantia, ser previdente, são atitudes simples que, quando adotadas por rotina, podem resultar em economias e ganhos financeiros relevantes. Atitudes como essas são reflexos da verdadeira educação financeira.

Além disso, podemos citar como bons exemplos o hábito de manter orçamento pessoal e doméstico, tendo como mínimo o controle sobre receitas e despesas, o de conferir extratos e demonstrativos bancários e de cartões de crédito, de fazer listas de compras, a leitura prévia de contratos, a valorização da ética nas questões financeiras, a diversificação dos investimentos, a busca pelas boas informações e a prática de falar sobre questões financeiras em família.

Por tudo isso, educação financeira deve ser vista como um conjunto de hábitos financeiros saudáveis que contribuam para melhorar a situação, o proveito e as perspectivas financeiras das pessoas.

O consumo consciente e responsável ajuda a proporcionar prazeres no presente e a viabilizar a segurança financeira para o futuro. Saber dosar adequadamente o quanto deve ser gasto no consumo diário e o quanto deve ser poupado e investido em previdência, proporcionando equilíbrio a essas duas necessidades, é uma das maiores provas de educação financeira que uma pessoa pode dar a si mesma.

(*) Álvaro Modernell é especialista em educação financeira, palestrante, autor de vários livros, projetos, cartilhas e artigos sobre educação financeira, além de sócio fundador da Mais Ativos Educação Financeira e coordenador do portal www.edufinanceira.com.br, referência nacional na área.