Oxi começa a ser difundido no Brasil

(*) Bernardo Campos Carvalho –

Tocam-se os trompetes, acendem-se os holofotes, terá início mais um grande e, ao mesmo tempo, aterrador evento. Espere, não é a “van premier” de nenhum filme em Hollywood, nem uma super produção teatral na Broadway americana. Chega à imprensa informações do oxi, a pior e mais devastadora droga que se tem notícia até o momento.

Mais potente e destruidora que o crack, a nova droga é feita em dosagem composta do resto das folhas de cocaína ou pasta de coca, querosene ou gasolina, amônia e cal. Toda essa mistura se transforma em pedra e é consumida como se fosse um cigarro, só que numa espécie de cachimbo.

O mais impressionante é que o oxi, por ser feito de resto de material da folha de coca, pode custar até quatro vezes menos do que o crack. É uma pedra mais escura e quando consumida, deixa um resíduo oleoso, proveniente do querosene, e sua fumaça é mais densa e escura.

Apareceu no Brasil, há cerca de quatro anos e entrou no Brasil através do estado do Acre, na fronteira com a Bolívia e Peru.

Hoje já se espalhou por todos os Estados da Federação. Só na “cracolândia”, local de grande consumo de entorpecentes localizada na região central da cidade de São Paulo, o oxi já compete em igualdade com o crack e outras substâncias tóxicas.

Outra característica devastadora da nova droga é que basta uma vez de consumo, para a pessoa ficar viciada e de retorno quase impossível. A primeira vez, a pessoa sente a falsa sensação de um grande prazer, para posteriormente entrar em estado de depressão.

Em poucas semanas de uso, a pessoa começa a apresentar sérios problemas no fígado e nos aparelhos respiratórios e digestivos. O usuário começa a sentir fortes dores de cabeça e abdominais, iniciando-se um processo agudo de diarreia e vômito. O alarmante é que 30% dos usuários morrem no primeiro ano.

Tanto o oxi quanto o crack, o seu uso é um passaporte de ida, sem volta. O tratamento é extremamente difícil, com resultados terapêuticos ainda duvidosos e questionáveis.

O melhor tratamento ainda é o diálogo constante, o acompanhamento diário pelos pais, a verificação das atitudes ou mudanças no comportamento, a recusa em se alimentar, o emagrecimento agudo e sem causa, o isolamento e a esquiva em dialogar. Já em segundo grau, o usuário apresenta tremores, suores e começo de alucinações.

Não se deve ter vergonha em procurar ajuda em centros de tratamento especializados em dependentes químicos. O estado, inclusive, dispõe de alguns bastante eficientes. Procure urgente centro de apoio mental, tanto para o dependente quanto para seus familiares que é muito necessário. E, se o dependente acreditar, reze muito, que é um remédio fantástico.

(*) Bernardo Campos Carvalho é advogado criminalista, integrante da Comissão de Prerrogativas da OAB, regional de Barueri (SP), especialista em Tribunal do Júri.