Brasil anda no fio da navalha, mas Dilma Rousseff oferece ajuda para derrotar crise na Europa

Disco trocado – Durante anos a fio, o Partido dos Trabalhadores bradou contra o capitalismo. Nos momentos mais radicais gritou contra o Fundo Monetário Internacional, sendo que em alguns momentos, durante a visita de representantes do órgão ao Brasil, se valeu do bordão “Fora FMI”. Como nada é mais direitista do que a esquerda no poder, bastou Luiz Inácio da Silva chegar ao poder central para que o discurso de outrora fosse solenemente abandonado. E Lula certa feita disse ser chique emprestar dinheiro ao FMI. A declaração se deu por ocasião do aporte de US$ 10 bilhões feito pelo governo brasileiro no caixa da instituição.

Enquanto Lula da Silva gazeteava pelo mundo afora o fato de o Brasil ter se transformado em credor do Fundo, os brasileiros assistiam a um conjunto de sandices oficiais que permitiu o retorno da inflação, fantasma da economia que Dilma Rousseff ainda não sabe como liquidar.

Com problemas de toda ordem do Oiapoque ao Chuí, a começar pela situação caótica da saúde pública, a presidente Dilma Rousseff participou nesta terça-feira (4) da 5ª Cúpula Brasil-União Europeia, na capital belga, ocasião em que afirmou que os países da zona do euro podem contar com a ajuda do Brasil para enfrentar a crise que sacode a região. Na entrevista coletiva que concedeu ao lado do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e do presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, a mandatária brasileira disse “A UE pode contar com o Brasil”. Em seguida completou: “É fundamental a coordenação política dos países para enfrentar este momento”.

Como se o Brasil estivesse navegando em águas absolutamente tranquilo, Dilma declarou garantiu que “o Brasil, e aqui estou certa que exprimo também a perspectiva das economias em desenvolvimento, está pronto a assumir a sua responsabilidade num espírito de cooperação. Somos parceiros da EU”.

Para enfrentar uma crise financeira internacional, não importando o tamanho e a virulência, é preciso olhar de largo espectro e alcance, pois do contrário as consequências podem ser desastrosas. Contundo, não se pode oferecer ajuda como a anunciada por Dilma Rousseff quando o País está mergulhado em problemas crescentes. Cada vez mais caótica, a saúde pública ruma na direção da insolubilidade, enquanto o governo federal busca formas alternativas de financiá-la. Abandonada e alvo da pirotecnia da era Lula, a infraestrutura nacional é motivo de preocupação constante, pois interfere diretamente no chamado “custo Brasil”, o que prejudica as exportações e aumenta o custo dos produtos no mercado interno. Por falta de investimentos oficiais, os aeroportos verde-louros em breve serão entregues à iniciativa privada. Após perder a autonomia conquistada e mantida nos últimos quinze anos, o Banco Central agora cumpre as ordens do Palácio do Planalto, o que coloca no campo do questionamento o futuro da economia nacional.

A reboque de discursos messiânicos por parte de Lula e a conivência de Dilma Rousseff, a classe média ganhou 39 milhões de novos integrantes nos últimos anos. Sem dúvida a saída em tempos de crise é estimular o mercado interno, desde que isso aconteça na esteira da geração de riqueza e poder efetivo de compra, não por meio de concessão irresponsável de crédito. A disponibilização de crédito é um importante ingrediente para movimentar a economia, mas a população brasileira alcançou índices recordes de endividamento, ao mesmo tempo em que a inadimplência começa a preocupar.

De tal modo, um país nessa situação não pode sequer pensar em oferecer ajuda para debelar uma crise que vai além de descompassos econômicos regionais. Os solavancos enfrentados pela União Europeia decorrem de um plano de unificação monetária que não considerou a fundo as diversidades fiscais dos países integrantes do bloco. E quem entrar para ajudar pode se dar muito mal. Por mais que seja “chique” comunistas estenderem a mão aos capitalistas da direita.