Presidente da Câmara dos Deputados nega ter usado polícia para ajudar petista ameaçado de chantagem

Representação – Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS) disse há pouco que não mandou a Polícia Legislativa abrir inquérito contra três pessoas que estariam chantageando o deputado Roberto Policarpo (PT-DF). Bastante nervoso, Maia afirmou que a informação é extemporânea e que só teve conhecimento do caso com a publicação da notícia no último final de semana pela revista “Veja”.

A suposta interferência de Marco Maia nos trabalhos da polícia da Câmara provocou uma representação do PPS. Na manhã desta segunda-feira (10), o líder da bancada oposicionista, Rubens Bueno (PPS-PR), protocolou um pedido de explicações na Corregedoria da Casa.

Já o deputado Policarpo disse que três cabos eleitorais foram ao seu gabinete chantageá-lo e que posteriormente relatou o fato à Polícia Legislativa. Policarpo disse que “apenas relatou o fato à Polícia Legislativa e que não pediu providência nem tomou conhecimento dos desdobramentos da investigação”.

Para o PPS, houve utilização indevida da Polícia Legislativa e abuso de poder. O líder Rubens Bueno pediu a análise da conduta de Policarpo e do presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), que, segundo ele, teria sido “conivente” com a utilização da Polícia Legislativa.

Pela manhã, a assessoria da Presidência da Câmara distribuiu nota em que afirma que Maia não conversou com Policarpo sobre o assunto. “O presidente não intervém nas atividades da Polícia Legislativa, quando esta atua na função de polícia judiciária. Ela tem autonomia para instaurar inquéritos com o objetivo de apurar infrações penais sem a autorização prévia do presidente da Casa”.

Marco Maia repetiu a cantilena na entrevista coletiva e aproveitou para atacar a revista. “A Veja vem perdendo credibilidade. Eu espero que esta informação tenha reposta [corrigia]”. Segundo a assessoria da presidência da Câmara, “detalhes da investigação sobre a ocorrência do deputado Policarpo competem exclusivamente ao Diretor de Polícia Legislativa que preside o inquérito”.

Segundo a reportagem, um lavador de carros, um vigilante e um sem-terra trabalharam como cabos eleitorais de Policarpo na campanha de 2010. O sem-terra, de acordo com a revista, teria recebido R$ 4 mil para transportar em um ônibus 39 trabalhadores rurais para votar no deputado. O ônibus foi interceptado pela polícia e o sem-terra indiciado por crime eleitoral.

Em entrevista à “Veja”, o sem-terra revelou que o deputado não cumpriu parte do acordo pois havia prometido emprego aos cabos eleitorais e o pagamento de um advogado para defendê-lo da acusação de crime eleitoral. Maia disse, na nota divulgada à imprensa, que tomou conhecimento do caso por meio da reportagem da revista “Veja”.