Operação Black Ops: carros importados vendidos pela metade do preço podem ter origem criminosa

Xis da questão – A “Operação Black Ops”, da Polícia Federal, continua rendendo capítulos extras, principalmente pelo envolvimento de famosos do esporte e da música em um esquema ilegal de importação de veículos. De acordo com as investigações, concessionárias de automóveis, no Rio de Janeiro, importavam veículos usados como sendo novos, que eram vendidos por 50% do valor de mercado.

Entre os que foram investigados estão os cantores Latino e Belo e os jogadores Emerson, do Corinthians, Kleberson, do Atlético Paranaense, e Diguinho, do Fluminense. Se comprovada a culpa dos acusados, eles responderão pelo crime de contrabando. É fato que os acusados usarão a tese do terceiro de boa fé, mas é inimaginável que alguém que compra um navio pelo preço de uma canoa não saiba que algo de estranho há na transação. Até porque, milagres estão cada vez mais raros.

Esse esquema de importação de veículos usados é uma prática conhecida. No começo da década de 90, um alarife paulistano, ligado a um conhecido político, vendia veículos de luxo usados vindos de Miami. Em tese essa operação era conceitualmente semelhante à desbaratada pela Polícia Federal na última semana, mas a diferença estava na origem dos automóveis. A quadrilha do espertalhão, que atuava nas altas rodas paulistanas, tinha um braço da operação de Miami, onde seus comandados se encarregavam de roubar carros de luxo, muitas vezes de locadoras de automóveis. Os carros eram embarcados no porto de Miami com destino ao Brasil, Durante a viagem marítima, o chefe da quadrilha tratava de conseguir os documentos para a regularização do veículo em território brasileiro, a chamada 4ª via.

Outra modalidade de importação de veículos, muito procurada nas décadas de 70 e 80 eram as chamadas mudanças diplomáticas. Diplomatas brasileiros residentes no exterior, de volta à terra natal, podiam trazer, sem incidência de impostos, todos os itens de uma casa, inclusive dois automóveis. As tais mudanças diplomáticas eram negociadas a peso de ouro, sendo que o comprador se encarregava de viajar ao exterior para adquirir os bens de sua preferência. Essa prática despejou no País dezenas de carros importados, cujos documentos ficavam registrados em nome do servidor do Itamaraty durante o período exigido por lei.

A recente operação desmontada pela PF por certo não é a única no Brasil, pois há um sem fim de veículos importados circulando pelas ruas e avenidas do País sem a devida legalização. O grande enigma com o qual se depara a Polícia Federal é descobrir a origem dos carros, que podem ser bem além de duvidosa.