Delator do caso Segundo Tempo pede à PF devolução de provas apreendidas na Operação Shaolin

Provas para que te quero – O soldado da PM do Distrito Federal, João Dias Ferreira, afirmou nesta sexta-feira (21) à rádio CBN que parte das provas, supostamente as principais, foi subtraída de seus pertences durante a Operação Shaolin, em 2003, — cujo alvo era investigar irregularidades no Programa Segundo Tempo. As citadas provas teriam sido apreendidas pela a Polícia Civil do DF e enviadas à Polícia Federal. A Agência Brasil divulgou a informação de que Polícia Federal não tem provas do caso Segundo Tempo.

João Dias esteve na manhã desta sexta na divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil de Brasília para reaver documentos que, de acordo com ele, foram apreendidos na operação. O policial-delator afirma que os materiais seriam as provas definitivas de sua relação com o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr. Entre as provas há, de acordo com o delator, documentos, fotos ao lado do ministro, mas que agora se encontram em poder da Justiça Federal. O policial declarou que os materiais comprovam que o ministro tinha conhecimento das irregularidades vigentes na pasta.

O PM alega que as provas também certificam vários encontros com o próprio ministro. “Nós temos muitas mídias eletrônicas, convites, documentos, vídeos, áudios, naturais de todos os eventos em que nós participamos em conjunto com o ministério. Então, quando alega, nunca tive (sic) com João. Nós vamos quebrar isso radicalmente. Eles tinham quotidiano semanal conosco.”, frisou o policial.

Ao chegar à delegacia nesta sexta-feira, João foi informado que todos os materiais que se encontravam com a Polícia Civil já haviam sido enviados para a Polícia Federal, responsável no momento pelo inquérito que investiga as supostas irregularidades no Programa Segundo Tempo. Assim que soube da transferência das provas, ele insinuou que Polícia Civil estaria agindo de má fé para ocultar as provas. Segundo João, a Operação Shaolin teria por objetivo tirar de seu poder todas as evidências e evitar que fossem divulgadas.

Os advogados do policial informaram que encaminharão ofício, exigindo a devolução dos objetos e documentos apreendidos. Pela segunda vez, João não requereu o benefício da delação premiada. Ele afirmou que comparecer à Polícia Federal na próxima segunda-feira (24) para prestar novo depoimento, ocasião em que apresentará gravação em áudio que comprovaria o esquema de corrupção no Ministério do Esporte.

Gato na tuba

A Agência Brasil publicou no portal Empresa Brasil de Comunicação (EBC), às 12h34 desta sexta-feira, reportagem que esclarece que a PF não tem qualquer prova do caso.

“Brasília – A Polícia Federal informa que até agora não recebeu do policial militar João Dias Ferreira, autor de denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, nenhum documento ou gravação que possa resultar em prova material para embasar as investigações sobre o caso que envolve o ministro da pasta, Orlando Silva. A informação foi confirmada hoje (21) pela Agência Brasil no Departamento de Polícia Federal, no Instituto Nacional de Criminalística e nas superintendências da PF no Distrito Federal e em São Paulo.”

O mesmo texto traz ainda que “ao deixar a Superintendência da Polícia Federal no DF, onde prestou depoimento por mais de sete horas na quarta-feira (19), João afirmou ter entregado ‘alguns materiais, algumas provas, algumas degravações e alguns documentos fraudados emitidos pelo ministério’. Além disso, ele prometeu entregar novos documentos e áudios na segunda-feira (24).”

Veicula-se uma informação de que Polícia Federal não tem provas materiais apresentadas por João. E em seguida o texto lembra que o militar afirmou ter entregado provas ao deixar a Superintendência da Polícia Federal. Ao que parece há algum ruído na comunicação. Aventa-se a hipótese de que o material esteja em trâmite entre a Polícia Civil do DF e a Polícia Federal. Até as 17h20 de hoje não havia chegado nenhuma prova do rumoroso caso Segundo Tempo à Superintendência da Polícia Federal em Brasília.