O mesmo PC do B que sepultou a CPI das Ongs agora posa de inocente no escândalo do Segundo Tempo

Duas faces – A decisão da presidente Dilma Rousseff de suspender temporariamente toque e qualquer convênio com Ongs coloca em má situação o PC do B, que tem no Ministério do Esporte sua capitania hereditária.

O anúncio desta segunda-feira (31) acontece no rastro do escândalo que culminou com a queda do então ministro Orlando Silva Jr., acusado de envolvimento em um suposto esquema de desvio de recursos públicos a partir do Programa Segundo Tempo.

A suspensão dos convênios pelo período inicial de trinta dias servirá para que uma operação “pente-fino” seja feita na contabilidade com essas organizações que mantêm estreita ligação com o governo federal, sendo que muitas delas foram criadas com o fim específico da falcatrua.

Sem ter como contestar a devassada ordenada pelo Palácio do Planalto, o PC do B assiste a tudo como se fosse uma reunião de monges, mas é preciso lembrar que foi o senador Inácio Arruda (PC do B-CE), a mando do então presidente Luiz Inácio da Silva, que dificultou ao máximo o andamento da CPI das Ongs, proposta pelo agora não mais senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Relator do processo, Inácio Arruda produziu um documento pífio e vazio, que em nada ajudou a elucidar o “propinoduto” que domina o setor.

O mais interessante nesse imbróglio é ver o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, ir ao rádio e à televisão para afirmar que todas as recentes acusações são mentirosas e que a legenda defende os interesses dos brasileiros. Ora, se isso fosse verdade, Inácio Arruda não deveria ter sepultado a CPI das Ongs.