Troca de premiês na Grécia e na Itália não garante o fim da crise europeia, que já assusta o planeta

Andando de lado – A expectativa do anúncio de um novo governo na Grécia, decorrente da queda do primeiro-ministro Georgios Papandreou, permitiu à União Europeia respirar com certa dose de alívio. A declaração do premiê italiano Silvio Berlusconi de que renunciará ao cargo tão logo seja aprovado orçamento de 2012, fez com que as bolsas de valores da Ásia e da Europa operassem em alta nesta quarta-feira (9).

Como todos sabem, por mais sério e sisudo que se apresente, o mercado financeiro como um todo é marcado pela especulação. Por conta disso não há explicação convincente para a alta registrada pelas bolsas asiáticas e europeias. E a questão é muito simples. Combalida, a economia da Grécia depende de severos ajustes fiscais para proporcionar ao Velho Mundo algum tipo de alívio. A criação de um novo governo não significa que o problema está resolvido. Na verdade, novo será o timoneiro que comandará uma nau à deriva. A dívida grega, que representa 160% do PIB, é considerada impagável, mesmo após o perdão de 50% concedido recentemente. A meta imposta ao governo de Atenas é reduzir a dívida, até 2020, a ainda preocupantes 120% do PIB. E não será a troca de governo que salvará o planeta.

Na Itália a situação e igualmente preocupante. Com a perda de apoio no Congresso, o premiê Silvio Berlusconi vinculou sua renúncia à aprovação, até o final de novembro, do orçamento de 2012. Com uma dívida que beira a casa de 1,5 trilhão de euros, o que representa 120% do PIB, a Itália vem perdendo credibilidade no universo dos estratosféricos negócios financeiros. Há mais de vinte anos rolando a dívida, a Itália afunda cada vez mais quando renegocia seu passivo soberano a taxas de juro de 7% ao ano. O que mostra que o mercado perdeu a confiança na Itália.

De igual modo, a eventual saída de Berlusconi, que não pode ser considerada como favas contadas, em nada ajudará a solucionar a crise que chacoalha a chamada zona do euro, formada por dezessete países da União Europeia que utilizam o euro como moeda oficial. A saída para os países endividados que se encontram à beira do precipício é promover um drástico corte nas despesas, muitas delas supérfluas e absurdas.