Polícia ocupa favelas do Rio, mas desafio do incompetente Cabral Filho será administrar o dia seguinte

Capítulo dois – Avisada com a devida e desnecessária antecedência, a ocupação das favelas da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro, neste domingo (13), é mais um espetáculo do governo irresponsável de Sérgio Cabral Filho (PMDB), que em 2006, ao assumir o Palácio Guanabara, sede do Executivo fluminense, disse que naquele momento estava decretado o fim do crime organizado.

Como se sabe, o crime organizado só cresce quando ocorre a ausência do Estado, algo comum no Rio de Janeiro e em muitos estados brasileiros. Não para imaginar que um negócio milionário, que financiava parte da polícia local, terminará apenas e tão somente porque Cabral Filho assim deseja.

Ao antecipar a operação, com direito a vazamento de informações para setores da imprensa, o governo do Rio de Janeiro permitiu que traficantes mudassem de endereço. A prisão do traficante Antônio Bonfim Lopes, o “Nem”, não significa que inexistam sucessores para o posto repentinamente vago. De tal modo, não se pode acreditar que a ocupação de ambas as favelas representa o fim do tráfico na região. Até porque, o tráfico só existe porque há quem consuma drogas. Enquanto esse elo não for quebrado, o que é praticamente impossível, o tráfico será itinerante.

Oportunista como nove entre dez políticos, Sérgio Cabral Filho informou à imprensa, logo após a operação policial, que concederá entrevista na favela da Rocinha. Quando um contribuinte morre por nas filas dos hospitais por falta de atendimento médico, Cabral simplesmente não aparece. De igual maneira age quando tragédias ocorrem no Estado, como aconteceu em Angra dos Reis e na serra fluminense.

O espetáculo bélico que entupiu nesta manhã os veículos de comunicação do País serve para Cabral Filho posar de herói e dar ares de eficiência a um governo populista, incompetente e corrupto. Ocupar as favelas da Rocinha e do Vidigal não é o maior desafio, pois a inquestionável superioridade bélica do Estado garante o sucesso da empreitada. O importante, de agora em diante, é saber o que Sérgio Cabral Filho fará quando tanques e blindados deixarem as duas comunidades carentes, pois muitos dos seus moradores dependiam direta ou indiretamente do tráfico de drogas, mesmo que digam reiteradas vezes que torciam pelo retorno da paz.