Para deputado do PSDB Lupi ficou na “ladeira”, enquanto “ongueiro” foi poupado de dar esclarecimentos

Desgastando o governo – A estratégia do governo da presidente Dilma Rousseff na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, de deixar de fora a principal testemunha de uma audiência para esclarecer o caso do ministro do Trabalho Carlos Lupi, a priori, deu resultado, nesta quarta-feira (16). Para o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), que assinou o requerimento de convocação do ministro do Trabalho, cuja sessão não tem data definida, foi muito mais vantajoso excluir o presidente da ONG, Adair Meira, para que não se possibilitasse o aumento do desgaste da pasta.

O ex-secretário do ministério, Ezequiel Nascimento, foi convidado, por isso, poderá não aparecer, mas o intuito é servir como testemunha de defesa do ministro, evidentemente. “Salvaram o Adair Meira e deixaram o Lupi na ladeira”, disse Francischini. Na opinião do deputado, Nascimento “vem para fazer a beatificação do ministro”. Vale lembrar que Ezequiel chegou a afirmar que Adair fora quem providenciara o avião para a viagem de Carlos Lupi.

Quando questionado sobre a incongruência de que o PDT regional do Maranhão avisou que não há nota fiscal de aluguel de avião e o ministro Lupi teria afirmado à presidente que levará um comprovante fiscal da locação da aeronave, o deputado oposicionista vê mais gravidade. “Eu acho gravíssimo, esse fato, porque se o PDT do Maranhão diz que ele viajou com os pagamentos feitos pelo PDT do estado e não está na prestação de com do partido, não está na prestação de contas do governo, se caracteriza caixa dois, crime eleitoral, novamente. Então, veja, é um emaranhado de coisas que só pode levar a um lugar à demissão do ministro“, argumentou Francischini.

Cai antes de audiência

O deputado paranaense acredita que Lupi nem chegará a participar da audiência para a qual foi convocado. “A presidente Dilma irá demiti-lo antes. Botar o Lupi aqui dentro é diminuir mais dez pontos na credibilidade dela perante a população brasileira”.

O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira (PSDB-SP) entende que não há possibilidade de o ministro deixar de prestar esclarecimentos aos brasileiros. “Está forçando uma situação de há muito já resolvida do ponto de vista da sociedade. Ele não tem a menor condição de se manter no cargo de ministro.”

O senador Pedro Taques (PDT-GO) informou que recebeu um telefonema do ministro – antes da convocação dele para prestar esclarecimentos no Senado, nesta quinta-feira (17) – e o tom da conversa foi de tranquilidade. Segundo o senador, o ministro garantiu que tem como se defender das mais recentes denúncias. Taques espera um esclarecimento “objetivo”, pois “não só os senadores aguardam isso, mas toda a sociedade”.