Um dia após as mentiras de Lupi, presidente Dilma sanciona a Lei da Comissão da Verdade

(Foto: Roberto Stuckert Filho - PR)
Fio trocado – Como sempre afirmamos, exigir coerência no universo da política é a mais hercúlea das tarefas, quiçá não seja a mais impossível das missões terrenas. Se coerência falta aos ocupantes do poder, doses mínimas de bom senso deveriam estar à disposição desses oráculos do Criador, mesmo que raramente utilizadas.

Nesta sexta-feira (18), em cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Vana Rousseff, acompanhada por alguns ministros, sancionou a lei que cria a Comissão da Verdade. Os que defendem a tal comissão negam que o Brasil ingressará em um período de caça às bruxas, uma vez que a Lei de Anistia permitiu que todos os envolvidos, direta ou indiretamente, nos crimes que marcaram a ditadura militar estivessem a salvo. E isso serviu tanto para os militares quanto para os chamados terroristas.

Os brasileiros, como representantes de uma democracia, têm o direito de conhecer a história do País, mas não se deve endossar a execração pública unilateral dos que frenquentam a lista dos fatos sigilosos. Se a obscuridade não interessa ao Estado Democrático de Direito, a isonomia deve ser aplicada no momento em que fatos históricos serão revelados, inclusive com a divulgação dos nomes de seus personagens.

Muito estranhamente, a cerimônia de sanção da Lei da Comissão da Verdade aconteceu um dia após o ministro Carlos Lupi ter admitido, mesmo que por vias transversas, que mentiu ao dizer que jamais viajou em avião alugado por ONG que matem convênios com o Ministério do Trabalho. Em outras palavras, faltou sensibilidade à assessoria presidencial ao manter a cerimônia para esta sexta-feira.

Como se fosse pouco, causou espécie o fato de a presidente Dilma, ao falar sobre a Comissão da Verdade, ter afirmado que “nunca mais sigilo oferecerá guarida ao desrespeito”. A declaração de Dilma é tão lógica quanto inconsequente é o staff palaciano fazer cara de assustado quando algum caso de corrupção ministerial vem à tona. É sabido nos bastidores do poder que o loteamento dos ministérios, facilitador da corrupção, foi a forma encontrada pelo PT para substituir o criminoso esquema do “mensalão”, que garante apoio político incondicional ao governo no Congresso.

E por falar em mentira, Dilma poderia explicar as declarações e promessas nada verdadeiras de seu antecessor e mentor eleitoral, o messiânico Luiz Inácio da Silva, que usou seu apego à mitomania para induzir o brasileiro a erro. Em outras palavras, a presidente do País da mentira oficializou a Comissão da Verdade.