Números confirmam os efeitos da crise e derrubam o ufanismo que marca os discursos palacianos

Falta combinar – Há algo de não verdadeiro no reino de Dilma Rousseff. Enquanto a presidente da República e seus assessores econômicos insistem em dizer que o Brasil está blindado contra as intempéries da crise que chacoalha a Europa, com direito inclusive a crescimento, especialistas do mercado financeiro apostam em cenário diferente e antagônico.

Consultados pelo BC, os tais analistas elevaram a expectativa de inflação pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2011 para o teto da meta do governo (6,5%), não sem antes reduzirem a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pela segunda semana consecutiva, de acordo com a pesquisa semanal divulgada nesta segunda-feira (5) pela autoridade monetária do País.

A média das estimativas para o IPCA neste saltou de 6,49% para 6,50%, índice idêntico ao de quatro semanas atrás. O governo federal fixou 4,5% como meta inflação, com tolerância de dois pontos percentuais, negativos ou positivos. No contraponto, a expectativa para 2012 recuou de 5,56% para 5,49%. Para este ano, o mercado avalia que o PIB deve registrar crescimento de 3,09%, ante 3,10% registrado na semana anterior e 3,20% há quatro semanas. Em 2012, a expectativa é de alta de 3,48%.

A pesquisa do Banco Central também traz a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), que pulou de 5,59% para 5,68%, neste ano, e de 5,17% para 5,18%, no vindouro 2012. A expectativa para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), em 2011, foi mantida na casa dos 5,75%, enquanto que para o próximo ano é de 5,24%. Para o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), neste ano, a projeção saiu de 5,73% para 5,75%. Em relação ao próximo ano, a previsão para o IGP-M continua em 5,29%.

Os analistas destacam que os preços administrados devem registrar alta média de 6% em 2011, enquanto a previsão de alta para o ano seguinte é de 4,5%. Entende-se por preços administrados aqueles cobrados por serviços monitorados oficialmente, como combustíveis, energia elétrica, telefonia, medicamentos, água, educação, saneamento e transporte urbano coletivo.