Um dos maiores goleiros da história do futebol nacional, Marcos fala sobre a decisão de parar

(Ilustração: Manga)
Nova etapa – “Parece que morri”. Assim Marcos Roberto Silveira Reis, o “São Marcos”, do Palmeiras, traduziu a sensação deixada pela aposentadoria. Nos quase vinte anos em que defendeu a Sociedade Esportiva Palmeiras, Marcos participou de 530 jogos e conquistou diversos títulos, sendo que o mais importante foi a Copa Libertadores da América, em 1999.

Na manhã desta quarta-feira (11), Marcos, acompanhado pelo presidente do clube, Arnaldo Tirone, apareceu na Academia de Futebol do Verdão e quebrou o silêncio que reinava desde a sua decisão de deixar os gramados, tomada na última semana.

“São 20 anos de Palmeiras e tenho dificuldade de estar aqui num momento como esse. Eu me preparei uma semana para estar aqui hoje falando sem chorar. Tive essa oportunidade de me tornar um jogador profissional e jogar no time que eu gostava. Agradecer a todos que jogaram comigo, a todos os treinadores. Cheguei onde cheguei não foi sozinho, foi com a ajuda dos meus familiares, mãe, finado pai, irmãos, mulher, filha … Queria agradecer a todos os meus amigos, jogadores, preparadores, principalmente o Carlos Pracidelli (treinador de goleiros) que foi meu grande amigo nesses anos. Fui até onde dava para ir e parei na hora que tinha de parar”, disse Marcos, o goleiro que conquistou o respeito e a admiração inclusive dos torcedores das equipes adversárias.

Sobre a sensação de parar de jogar e receber tantas homenagens, Marcos mais uma vez se valeu de seu conhecido bom humor. “Teve um dia que eu cheguei em casa, depois de ver tantas homenagens, e falei ‘parece que morri’. Tem uma frase antiga que diz que jogador morre duas vezes. E a aposentadoria é como se tivesse morrido mesmo. Sabe quando morre um ente querido? Você fica sem concentração, pensando naquilo”, declarou o agora ex-goleiro.

Em muitas ocasiões, o eterno goleiro alviverde funcionou como uma espécie de “bombeiro” diante das crises palmeirenses, sendo escalado pelos técnicos para falar com a imprensa. Sobre o convívio com os jornalistas, Marcos, que arrancou risos dos profissionais de comunicação que participaram da entrevista, disparou: “Tomei um monte de frango, errei um monte de bola e dei um monte de entrevista boa para vocês e ruim para mim”. Mais adiante, Marcos mostrou a transparência que todos conhecem. “Muitas vezes, falei besteira, mas sempre fui o Marcos. Nunca vim aqui com discurso pronto. Sempre falei o que meu coração mandava”, completou.

Ao falar sobre a decisão de parar de jogar, Marcos explicou: “Não consigo mais entrar em forma, fiz partidas acima do peso, devido às dores no joelho, e acabei entrando em alguns jogos abaixo do esperado. Sempre fui um cara que brigou muito com a balança”.

Marcos informou que contratou um assessor de marketing após receber inúmeros convites para participar de campanhas publicitárias e ministrar palestras. O presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, disse que a diretoria do clube está propensa a aposentar a camisa 12 do Verdão, usada pelo ex-goleiro nessas quase duas décadas.