Lula opta por escândalo menor e impõe Jilmar Tatto como líder do PT na Câmara dos Deputados

Intruso na área – Não bastasse o extenso dano causado ao País nos oito anos em que ocupou o Palácio do Planalto, algo que só será revertido ao longo de décadas, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva continua atuando nos bastidores da política nacional, sempre com o objetivo de ludibriar a opinião pública.

A escolha do líder do PT na Câmara dos Deputados passou obrigatoriamente pelo crivo do messiânico Lula, que não quer ver a legenda atirada na vala das discussões sobre corrupção, principalmente em ano eleitoral. Depois de bancar a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, impedindo a realização de prévias partidárias, Lula decidiu que o novo líder do PT na Câmara será o deputado federal Jilmar Tatto (SP).

Lula conversou com o líder Cândido Vaccarezza (PT-SP), que está deixando o cargo, e com José Nobre Guimarães, que cobiçava a liderança, e alegou que no ano em que o PT parte com força para as eleições municipais, o partido não pode ser lembrado por escândalos passados. A preocupação do ex-presidente encontra explicação no fato de José Nobre Guimarães ter sido incluído no escândalo que ficou conhecido como “dólares na cueca”. Em 2005, José Adalberto Vieira da Silva, então assessor parlamentar de José Nobre Guimarães na Assembleia Legislativa do Ceará, foi preso no aeroporto de Congonhas com R$ 200 mil na valise e US$ 100 mil na cueca, no momento do embarque.

À Polícia Federal, Vieira da Silva disse que era agricultor e que o dinheiro era proveniente da venda de legumes no Ceagesp, mas o depoimento não convenceu os policiais. Com o assessor petista a PF encontrou uma agenda e atas de reuniões do PT. Coincidência ou não, José Nobre Guimarães, que alegou não saber de coisa alguma, estava em São Paulo, onde participou de reuniões partidárias.

A preocupação de Lula em relação à liderança da bancada petista na Câmara também se justifica pelo fato de José Nobre Guimarães ser irmão do ex-deputado federal José Genoíno, acusado de envolvimento no escândalo do “Mensalão do PT”, assunto que em breve deverá entrar na pauta de julgamento do Supremo Tribunal Federal.

Mas Lula pode ter trocado um escândalo de grandes proporções por outro menor. Na gestão da também petista Marta Suplicy à frente da prefeitura de São Paulo, o clã do qual faz parte Jilmar Tatto ganhou importância e notoriedade dentro do PT. Como moeda de troca ao apoio à prefeita, Jilmar assumiu quatro secretarias: Abastecimento, Governo, Implantação das Subprefeituras e Transportes. Arselino, seu irmão, foi presidente da Câmara Municipal de São Paulo.

À época, a família Tatto, cujo reduto eleitoral é o bairro pobre de Capela do Socorro, na Zona Sul paulistana, indicou diversos aliados para cargos na prefeitura, especialmente no serviço funerário, onde brotam denúncias de corrupção. Desde que o PT perdeu o trono da maior cidade brasileira, diversos apaniguados do clã dos Tatto foram acomodados em outras prefeituras comandadas pelo ou por partidos aliados. A força política da família de Jilmar Tatto – oito dos seus nove irmãos são filiados ao PT – também justifica a decisão de Lula, que quer conquistar a prefeitura de São Paulo com Fernando Haddad.

Acontece que como secretário de Transportes da cidade de São Paulo, Jilmar patrocinou um projeto que tirou da clandestinidade as vans de transporte de passageiros, organizando-as em cooperativas. Por conta de seu relacionamento com os motoristas de vans, Jilmar foi alvo de investigação do Ministério Público paulista, sob a acusação de interferido para ajudar uma cooperativa de vans vinculada à facção criminosa que controla os presídios paulistas.

Resumindo, em termos de escândalo o ex-presidente Lula trocou seis por quatro, o que não significa que a artilharia da oposição está aniquilada.