Aprovado às presas, socorro bilionário à Grécia não garante tranquilidade à União Europeia

Medida emergencial – Enquanto os brasileiros se entregavam ao som de escolas de samba, blocos e trios elétricos, representantes dos países que fazem parte da União Europeia se reuniam para decidir o futuro da Grécia, cuja economia cambaleante preocupa o Velho Mundo. Com a presença da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, o bloco aprovou um empréstimo adicional de 130 bilhões de euros à Grécia, mas impôs condições rígidas, as quais dependem de aprovação.

Muitas foram as manifestações contra as exigências feitas pela cúpula da União Europeia, mas não se pode despejar dinheiro a rodo no primeiro país que represente uma ameaça à economia do bloco. Entre as tantas exigências estão o enxugamento das despesas por parte do governo e a redução da dívida para 120% do PIB grego, mas a possibilidade de calote não está descartada.

A decisão tomada na terça-feira (21) pelos dirigentes da União Europeia busca evitar uma catástrofe na chamada “Zona do Euro”, o que poderia provocar efeitos colaterais em todo o planeta, levando a economia mundial ao buraco. Mesmo existindo risco no empréstimo a ser concedido ao governo de Atenas, prejuízo maior será uma eventual quebra da economia grega.

O balão de ensaio para a formação da União Europeia foi o Mercado Comum Europeu, criado na década de 50 e formado por doze países: Alemanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Portugal, Grécia, Luxemburgo, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda e Dinamarca. Em 1995, passaram a integrar o bloco a Áustria, a Finlândia e a Suécia, ampliando para quinze o número de países integrantes.

O grande risco de um bloco econômico não se ausentou na União Europeia. Se por um lado a congregação de culturas distintas sempre foi uma preocupação, a adoção de moeda única por países com realidades fiscais econômicas e financeiras distintas é um barril de pólvora a céu aberto. A criação do bloco permitiu o crescimento da indústria e do comércio regionais, mas o sucesso do projeto não pode ser analisado apenas por este prisma. No momento em que alguns países, pressionados pela população, se viram obrigados a criar um padrão quase isonômico de benefícios sociais, a União Europeia começou a fazer água. Nenhuma economia com problemas é capaz de, da noite para o dia, se aproximar de um patamar de suposta excelência por força de imposições institucionais.

A crise da União Europeia está apenas começando e novos e tenebrosos capítulos ainda virão. A principal sinalização de que o futuro no Velho Mundo ainda é incerto partiu do primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, que retirou o apoio oficial à candidatura de Roma para sediar os Jogos Olímpicos de 2020.