Como tantos campeonatos estaduais, Paulistão é um monumental fracasso de público e arrecadação

Calculadora na mão – Há quem diga que o Brasil é o país do futebol e do Carnaval. Se isso é verdade ninguém sabe, mas fatos recentes mostram que o cenário está mudando. Deixando de lado a confusão que interrompeu a apuração do Carnaval paulistano, o melhor a se fazer é analisar os campeonatos estaduais, inócuos e deficitários em termos financeiros. Para mostrar a validade da nossa tese, tomamos como exemplo Campeonato Paulista, considerado por muitos como o certame regional mais importante do País.

Na noite de quarta-feira (22), o Estádio Paulo Machado de Carvalho serviu de palco para o confronto entre o campeão brasileiro Corinthians e a Associação Portuguesa de Desportos, a popular Lusa. A decisão de levar o jogo para o Pacaembu foi da Lusa, que esperava arrecadar mais com a venda de ingressos. Acompanhada por apenas 6.167 torcedores, a partida rendeu, em valor bruto, desanimadores R$ 188.070,00. Descontadas as despesas, a receita líquida do jogo foi de míseros R$ 24.960,21, dinheiro que foi para os cofres da Portuguesa, mandante da partida.

Horas antes, na Arena Barueri, o Santos Futebol Clube, que tem no elenco o melhor jogador brasileiro em atividade, Neymar, enfrentou o Comercial (Ribeirão Preto) diante de uma plateia de escassos 5.100 torcedores, que proporcionaram renda bruta de R$ 113.025,00. Descontadas as despesas, o alvinegro praiano levou para Santos a bagatela de R$ 33.483,85.

Já o São Paulo Futebol Clube, que na mesma noite enfrentou o Bragantino, acabou ajudando o time da casa, pois 8.180 torcedores acompanharam o jogo no Estádio Nabi Abi Chedid em Bragança Paulista. Com renda bruta de R$ 233.884,75, a partida proporcionou receita líquida de R$ 70.060,47, dinheiro que já está nos cofres do Bragantino.

Há quem defenda os campeonatos regionais, mas a inocuidade do Paulistão fica evidente quando analisado o borderô do jogo entre Mogi Mirim e São Caetano. A partida que teve o Estádio Romildo Vitor Ferreira, em Mogi Mirim, foi acompanhada por 1.222 torcedores, que despejaram nas bilheterias ínfima quantia de R$ 11.797,00. Descontadas as despesas, a receita líquida do confronto foi de R$ 1.521,76 negativos. Ou seja, o Mogi Mirim pagou para jogar.

A situação do futebol paulista, por exemplo, torna-se ainda mais preocupante quando entram em cena os altos salários de alguns jogadores. Se uma equipe de ponta entrar em campo oito vezes no mês, no máximo conseguirá arrecadar dinheiro para pagar os salários de três jogadores e um treinador qualificado.