Perna curta – Poder e mitomania andam de mãos dadas. Pelo menos é isso que mostra o Ministério da Saúde. Em meados de 2006, o então presidente Luiz Inácio da Silva, quando se preparava para a campanha pela reeleição, disse, sem se incomodar com a veracidade de suas palavras, que a saúde públcia no Brasil estava a um passo da perfeição. Tempos mais tarde, o mesmo Lula sugeriu que o presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, adotasse o modelo do SUS, que na opinião do petista é muito barato e de qualidade.
Que Lula abusa da sua capacidade de convencimento todos sabem, mas nesta quinta-feira (1) o Ministério da Saúde mostrou que o ex-presidente é freqüentador assíduo do universo da mitomania.
Criado pelo governo federal, Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) revela que apenas 1,9% da população brasileira vive nos 347 municípios cujos serviços públicos de saúde têm notas acima de 7,0, informou o Ministério da Saúde.
O grupo dos que têm os melhores serviços públicos, segundo o IDSUS, é menor que o dos 5,7 milhões de brasileiros que vivem nas 132 cidades com os piores serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, com notas inferiores a 3,9. A média nacional do índice é 5,4.
“O país passou raspando, na nossa avaliação”, disse Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS.
De acordo com o Ministério da Saúde, o índice, que será atualizado a cada três anos, medirá a avaliação do desempenho dos serviços oferecidos pelo SUS nos municípios brasileiros.
O ministro Alexandre Padilha, durante o lançamento do novo índice, disse que a iniciativa faz parte de uma “obsessão” do governo em avaliar seus serviços e atribuiu à presidente Dilma Rousseff essa cobrança. “O SUS não pode forma alguma temer o processo de avaliação. […] Muito pelo contrário: tem que ser algo visto como fundamental para que a gente dê conta de avançar no SUS”, declarou o ministro.
Perguntado sobre uma nota ideal para a saúde pública do País, Padilha evitou citar números, mas lembrou nem a nota 10 se aprocima da excelência.
Contundo, na última terça-feira (28), durante entrevista para esclarecimento sobre os critérios do IDSUS, técnicos do Ministério da Saúde afirmaram que a nota 7,0 era um grau tido como meta do governo.
“De 7,0 em diante é a nota que o SUS deveria ter”, afirmou na ocasião Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS.
Já o ministro Padilha alegou que não existe parâmetro internacional que se adeque ao cenário brasileiro. Em outras palavras, qualquer meta está descartada.