PT tenta jogar PSDB no escândalo de Cachoeira, mas esquece o mistério do apartamento de Lula

Caso pensado – Preocupado com as eleições municipais, especialmente com a disputa na cidade de São Paulo, o PT acionou mais uma vez a sua amestrada tropa cibernética, incumbida de minimizar alguns escândalos envolvendo petistas e apaniguados. O mais novo cardápio dessa turma que se presta a um papel menor tem como alvo a prisão do empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado, em 2004, de subornar Waldomiro Diniz, então assessor do petista José Dirceu, que à época ocupava a chefia da Casa Civil.

A estratégia do momento é vincular Carlinhos Cachoeira com o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo. Petistas de plantão alegam que a casa onde Carlinhos Cachoeira foi preso, no Residencial Alphaville Ipês, em Goiânia, pertenceu a Perillo, que morou no imóvel durante quatro anos. De acordo com o governador, a casa foi vendida, no começo de 2011, ao dono da Faculdade Padrão, Walter Paulo Santiago. Até então nada de errado.

O governador disse não saber que Cachoeira residia na casa que um dia foi sua. “Foi um negócio normal, fechado há um ano e já devidamente declarado no Imposto de Renda deste ano. Essa pergunta (sobre o morador) tem de ser feita ao proprietário da casa”, afirmou Marconi Perillo.

O desespero do PT para colocar integrantes da oposição no olho do furacão que levou Carlinhos Cachoeira para a prisão é reflexo do desempenho ainda duvidoso, para não escrever pífio, do governo de Dilma Rousseff, que até agora só se dedicou a abafar escândalos envolvendo companheiros de partido e aliados políticos, sem cumprir a prometida intransigência com a corrupção. Essa operação orquestrada tem explicação na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu Carlinhos Cachoeira e mais três dúzias de envolvidos em um esquema criminoso. Durante as investigações, a PF descobriu negócios pouco ortodoxos entre a Construtora Delta e várias prefeituras de Goiás comandadas pelo PT e PMDB. E a ordem palaciana no momento é desviar o foco.

Bom seria se esses brutamontes cibernéticos elucidassem o quase histórico mistério que ronda o apartamento de Luiz Inácio da Silva, em São Bernardo do Campo. Para tal, terão de conversar não apenas com o ex-presidente, mas também com o advogado e dublê de compadre Roberto Teixeira e o ex-presidente da falida Transbrasil, Antonio Celso Cipriani.

Aproveitando que os escudeiros petistas estarão a investigar no ABC, nada melhor do que uma estratégica parada na bela cidade de Santo André, palco de um dos mais sórdidos crimes da recente história política nacional. Celso Daniel, então prefeito da cidade, foi covarde e brutalmente assassinado, com direito a sessão de tortura, por discordar da destinação dada ao dinheiro da propina cobrada de empresários de Santo André. O dinheiro que deveria financiar a campanha de Luiz Inácio da Silva acabou desviado para o enriquecimento pessoal de alguns “companheiros”, sendo que esse “propinoduto” petista financiou a aquisição de elegantes e caras residências em condomínios de luxo da Grande São Paulo.

Em relação aos tantos escândalos de corrupção que marcaram a era Lula, deixemos para outra ocasião, pois o caso do apartamento do ABC e o das mansões compradas com a propina de Santo André darão muito trabalho a esses “leões de chácara” de aluguel.