Flagrado em conversas com bicheiro preso pela PF, Demóstenes Torres deve explicações aos eleitores

Fio desencapado – Há algo estranho e desconexo no reduto do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), um dos mais ácidos representantes da oposição ao governo de Dilma Vana Rousseff. Durante as investigações da Operação Monte Carlo, a Polícia Federal descobriu que o senador mantinha contato permanente com o empresário Carlos Augusto Ramos, também conhecido no mundo da jogatina como Carlinhos Cachoeira.

De pronto o senador Demóstenes negou as acusações, mas a sequência dos fatos tem provado que o parlamentar e o contraventor cultivam relação no mínimo suspeita. Não se trata de acusar por antecipação o senador oposicionista, mas para quem cobra do governo federal lisura e outros quetais, não sem antes apontar o indicador para alguns de seus integrantes, se valer de amizades bisonhas desmoraliza o próprio discurso.

Após a prisão de Carlinhos Cachoeira, o senador de Goiás reconheceu que recebeu do empresário, como presente de casamento, equipamentos de cozinha importados. Demóstenes justificou o mimo alegando que sua esposa e a de Cachoeira são amigas.

Líder do Democratas, Demóstenes ocupou a tribuna do Senado para se explicar, ocasião em que pediu para ser investigado. E de pronto recebeu o apoio de senadores do governo e da oposição, como Alvaro Dias (PSDB-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Taques (PDT-MT), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Agora, acusado de ter conversado com Carlinhos Cachoeira quase três centenas de vezes, por meio de um rádio comunicador habilitado em Miami, nos Estados Unidos, Demóstenes Torres foge das perguntas dos repórteres, mesmo quando está ao lado do seu advogado, o concorrido Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, cujos honorários figuram entre os mais caros de Brasília. Sobre o conteúdo das conversas, o senador declara: “São conversas entre amigos, só há trivialidades”.

A situação de Demóstenes Torres não é das mais confortáveis, especialmente porque não está descartada a abertura de um processo no Senado por quebra de decoro parlamentar. Ultrapassando os limiares do Congresso Nacional, o imbróglio pode culminar com um processo de expulsão do partido, o Democratas.

O senador goiano por certo espera contar com o final de semana que se aproxima para que as acusações esmoreçam, mas é preciso dar uma satisfação aos eleitores, que tomaram como proa o seu discurso moralista contra aqueles que são acusados de vilipendiar a dignidade do povo e da nação.