PDT aguarda decisão sobre ministro do Trabalho, mas entrave está nas operações casadas exigidas pelo PT

Rastilho de pólvora – O Palácio do Planalto acionou suas lideranças no Congresso Nacional para tentar reintegrar os senadores do Partido da República (PR) à base aliada, mas parece que Dilma Rousseff e seus assessores ainda não entenderam o recado que emana da crise que domina o parlamento. Como se não bastasse a debandada do PR, um novo bloco de descontentes começa a surgir. Trata-se do PDT, que há muito aguarda uma decisão da presidente sobre a escolha do novo ministro do Trabalho.

Desde a saída de Carlos Lupi, que preside a legenda, o PDT tem cobrado do Palácio do Planalto uma definição sobre o tema, mas até agora os palacianos têm feito ouvidos moucos. Com base no loteamento da máquina federal que garantiu a vitória de Dilma nas urnas de 2010, a pasta do Trabalho é reduto do PDT, mas o partido tem encontrado dificuldades para indicar o sucessor de Lupi.

Na última semana, Dilma demonstrou preferência pelo nome de Vieira da Cunha (PDT-RS), mas o partido insiste em indicar Brizola Neto, deputado federal pelo Rio de Janeiro. Sem estar convencida de que o neto de Leonel de Mora Brizola seria a solução para a pasta, Dilma continua postergando a decisão, o que pode culminar com nova intifada no Congresso Nacional. Outro nome na lista apresentada pelo PDT é o do secretário-geral do partido, André Dias.

Vice-presidente do PDT, o deputado André Figueiredo (CE) já demonstra irritação com a demora. “A escolha de quem vai ser ministro de qualquer pasta cabe exclusivamente à presidente. Agora, aos partidos que compõem a base cabe participar de um diálogo com a presidente e agora passaram 100 dias da saída de Lupi e o partido não foi chamado para nenhuma conversa”, declarou Figueiredo no plenário da Câmara.

Em nota, o presidente do PDT, Carlos Lupi, esclarece que o partido não vetará qualquer nome, mas não é esse o consenso dos bastidores. “Qualquer eventual convite para a participação do PDT no governo da presidenta Dilma, se dará pela via institucional das instâncias partidárias, não havendo veto a qualquer companheiro ou companheira”, destaca o documento.

Dilma Rousseff reuniu-se com líderes sindicais na quarta-feira (14), no Palácio do Planalto, mas o resultado do encontro não agradou aos participantes. As reivindicações dos sindicalistas deram em nada, pelo menos por enquanto, assim como a decisão sobre o nome do novo ministro do Trabalho.

O maior problema de Dilma Rousseff não está em conviver com uma base aliada que sempre cobra contrapartidas, mas em atender as exigências do próprio partido, o PT, que quer trocar as nomeações por apoio político nas eleições municipais de outubro próximo. O melhor exemplo dessa manobra repousa sobre a empacada candidatura de Fernando Haddad, que continua sonhando em conquistar a prefeitura de São Paulo com o apoio do combalido Lula.