Recuo no caso da Lei Geral da Copa destaca a incompetência de um governo fraco que flana no ufanismo

Ópera bufa – O que esperar de um governo que abusa da incompetência e se acovarda diante do óbvio? Nada, absolutamente nada. Essa análise tem como parâmetro o comportamento dos ocupantes do Palácio do Planalto no caso da Lei Geral da Copa, que após reunião de líderes partidários com representantes do governo retomou sua versão original.

Os palacianos alegam que o texto que será votado nos próximos dias é a versão enviada pelo Executivo ao Congresso Nacional. Se o texto foi modificado para evitar nova derrota da presidente Dilma Rousseff e por conta disso retomou a versão original, que o governo explique o esforço despendido para que o relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), inserisse na Lei artigo para liberar a venda de bebidas alcoólicas nos estádios durante a Copa do Mundo. Em outras palavras, alguém abusou da incompetência nessa fase do processo ou há algo muito mal explicado no bastidor.

Ministro do Esporte, o deputado licenciado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) desautorizou Ideli Salvatti e Gleisi Hoffmann, dias atrás, ao afirmar que a venda de bebidas alcoólicas carecia de autorização expressa na Lei Geral da Copa, como forma de o governo cumprir compromisso assumido com a FIFA. Os palacianos recuaram e acolheram a sugestão de Rebelo. O governo precisa explicar quem nesse episódio abusou da incompetência. O ministro do Esporte ou os assessores presidenciais que aceitaram sua argumentação.

Na tarde desta terça-feira (20), a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Relações Institucionais, foi à Câmara dos Deputados para negociar com líderes da base aliada a aprovação da Lei Geral da Copa. Durante o encontro ficou acertado que o texto não mais contaria com o artigo dedicado à liberação da venda de bebidas alcoólicas. O argumento do governo é que suficiente seria suprimir o artigo do Estatuto do Torcedor que veda o porte de álcool nos estádios. Pois bem, se a solução era tão simples, Ideli Salvatti mostrou incompetência ao atuar como articuladora do governo, pois foi feita a vontade da extensa maioria dos parlamentares, a começar pelos da base aliada, não sem antes ratificar a versão original do documento preparado pelo Executivo.

Considerando que a ministra Ideli foi obrigada a ir ao Congresso para, em tese, garantir a aprovação da Lei Geral da Copa, o suposto poder de persuasão do novo líder do governo na Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), falhou. Sendo assim, alguém do Palácio do Planalto precisa explicar a razão que levou o governo defenestrar Cândido Vaccarezza da liderança na Câmara e entronar Chinaglia. Falar em rotatividade no cargo é conversa fiada de quem não sabe o que argumentar.