Sem medidas de longo prazo, governo anuncia benesses pontuais para evitar desânimo da indústria

Cortina de fumaça – No mesmo dia em que o Banco Central divulgou os resultados de pesquisa que apontam redução de 0,13% da atividade industrial em janeiro passado, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a prorrogação da redução do IPI por mais três meses. No pacote de medidas para incentivar a indústria nacional, o setor de móveis também foi beneficiado com redução de tributos.

O anúncio aconteceu na noite de segunda-feira (26), após reunião de Mantega com empresários na sede da Fiesp, na capital paulista. As medidas de incentivo à indústria prometidas por Dilma Rousseff na última sexta-feira (23), em Brasília, são meramente pontuais e visam aquecer o consumo interno como forma de evitar os efeitos da crise internacional. O setor industrial precisa de medidas de longo prazo, algo que o governo insiste em ignorar.

Diante da crise que chacoalha a União Europeia e a desaceleração da economia chinesa, o Palácio do Planalto mais uma vez aposta no consumismo como fórmula mágica. Dependendo do cenário nacional, a aceleração do consumo pode reforçar a inflação, que desde os últimos anos da era Lula da Silva vem dando sinais consecutivos de resistência.

Evitar o processo inflacionário em um cenário de consumo só será possível com o aumento da produção industrial e investimentos em infraestrutura. Aumentar a atividade da indústria exige investimentos, que só acontecerão mediante ações de longo prazo por parte do governo federal. Até porque, nenhum empresário investe qualquer centavo se a previsão do futuro for minimamente positiva.

Em relação aos investimentos na infraestrutura, o País está muito distante do ideal. Vivendo à sombra da pirotecnia do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo de Dilma Rousseff se desdobra para cumprir em doses mínimas o que foi prometido com alarde. Para se ter uma radiografia da real situação do setor basta um balanço das obras para a Copa do Mundo de 2014. Quando disse que o Brasil precisa de um “chute no traseiro” para acelerar o ritmo das obras para o Mundial de futebol, o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, errou apenas e tão somente na forma da crítica, pois o conteúdo continua sendo verdadeiro.