Morre Ferdinand Alexander Porsche, criador do 911

Filosofia do design – O empresário e designer Ferdinand Alexander Porsche morreu na quinta-feira (5), aos 76 anos, na cidade austríaca de Salzburgo. Nascido em Stuttgart, na Alemanha, em 11 de dezembro de 1935, Ferdinand Alexander – ou Butzi, como era chamado pelos amigos –, era neto e filho dos fundadores da marca de automóveis esportivos que leva o nome da família.

Ferdinand preferiu trabalhar no setor de criação da marca. A mais conhecida de suas criações é o modelo 911 da Porsche, apresentado em 1963 no Salão de Frankfurt, na Alemanha. Apesar das várias mudanças ao longo dos anos, o 911 mantém até hoje as linhas básicas do projeto original.

O executivo-chefe da Porsche AG, Matthias Müller, reconheceu os méritos de Ferdinand Alexander Porsche na companhia. “Lamentamos a morte de Ferdinand Alexander Porsche. Como criador do Porsche 911, ele fundou uma cultura do desenho em nossa empresa, que caracteriza nossos esportivos até hoje”, disse. Müller acrescentou que a “filosofia de bom design” imposta por Ferdinand é para a companhia “um legado a ser honrado no futuro”.

Ferdinand Alexander também dirigiu a Porsche Design, desenvolvendo projetos para setores variados como relojoaria e náutica.

A história Porsche

A marca alemã Porsche foi fundada em 1931 por Ferdinand Porsche e o seu filho Ferry Porsche. Ferdinand Porsche já era conhecido antes de fundar a Porsche, ele havia trabalhado para outras marcas, tais como a Mercedes-Benz. Havia também lançado em 1900 o primeiro automóvel híbrido.

Em 1934 Ferdinand Porsche, depois de lhe ser solicitada a criação de um automóvel acessível a todos os alemães, criou o Volkswagen Carocha. O Carocha serviu de base mecânica ao Type 64 criado em 1939 e ao Porsche 356 produzido em 1948, sendo este o primeiro Porsche a ser produzido. O Porsche 356 recorria em grande parte às peças utilizadas no Volkswagen Carocha, tais como motorização traseira com refrigeração a ar. Mais tarde o 356 viria a ser totalmente construído a partir de peças Porsche.

A utilização de um motor com refrigeração a ar e localização traseira foi desde o início, a principal característica da Porsche. Em 1951, Ferdinand Porsche morre devido a complicações de um enfarte. No mesmo ano a Porsche vence uma das mais importantes provas do automobilismo mundial, as “24 Horas de Le Mans”, com o Porsche 356 SL, conseguindo assim notoriedade internacional.

Em 1953 a Porsche lança o 550 Spyder, modelo responsável por um grande número de vitórias na competição automóvel. Este modelo tinha como principal característica, possuir quatro árvores de cames ao invés de uma central.

Em 1964 é lançado o ícone da Porsche, o 911. Este modelo foi lançado inicialmente com o nome de 901, mas devido aos direitos comerciais adquiridos pela Peugeot, teve que alterar o nome. O Porsche 911 possuía um motor de 6 cilindros com localização traseira. Este modelo causou problemas internos na Porsche, pois as linhas da autoria de Ferry Porsche não agradavam a todos. Em 1966 entra em produção o Porsche 911 Targa, modelo que foi considerado o cabriolet seguro, devido ao seu teto rebatível em vidro.

Recentemente, o Grupo Volkswagen tornou-se o principal acionista da Porsche e a Porsche o maior acionista do Grupo Volkswagen. Isso causou uma grande revolução na Porsche que passou a compartilhar muitas peças com modelos Volkswagen para reduzir custos, Porsche Cayenne e VW Touareg compartilham câmbio, plataforma, algumas opções de motorização e até mesmo o design de ambas são muito semelhantes, outro exemplo é a nova geração do 911, que derivou do New Beetle 2012.

Momentos marcantes na trajetória da Porsche

2002 – A marca entra para o mundo dos SUVs com o Cayenne, um utilitário baseado fortemente no modelo 911 (na época , na ousada geração 996) como se pode perceber principalmente pelos faróis. Compartilha plataforma, câmbio e algumas opções de motorização com o VW Touareg e Audi Q7. Na época oferecia somente as versões S e Turbo, ambas V8 e que desenvolviam respectivamente 340cv e 450cv. A S faz de 0-100km/h em 10,2s e a Turbo em incríveis 8,3s. Considerada pelos fãs uma versão moderna do tão sonhado Fusca Off-Road.

2004 – A marca causou muita polêmica ao lançar o superesportivo Carrera GT, um modelo lançado para ficar muito à frente de qualquer Ferrari. O modelo, que entrou em produção em 2004, conseguiu seu intento, porém não possuia rádio, pois a montadora alega que o melhor som é o do motor. Mas se o proprietário quisesse o sistema de som deveria apenas avisar a fábrica para que o sistema de som fosse instalado, o motor do Carrera GT tem um som agudo típico, que virou marca do carro, e acabou gerando o apelido de Apito, por causa do som do motor que lembra o barulho de um apito. O motor central foi alvo de críticas puristas, que achavam que isso descaracterizaria a marca, por não ter um motor traseiro como os 911. A única opção de transmissão é manual. Pois de acordo com os engenheiros nada substitui a velocidade e a emoção de um piloto trocando as marchas manualmente. Apesar da produção ter sido descontinuada antes de atingir as 1500 unidades anunciadas pela fábrica, é considerado um dos melhores supercarros já desenvolvidos.

2009 – A Porsche inovou ao lançar o modelo Panamera, um cupê de 4 portas e motor dianteiro, o mesmo utilizado no Cayenne. Lançado para atingir um público que deseja esportividade com mais espaço interno, ele possui um arrojado interior repleto de tecnologia, tem motorização dianteira V6 e V8 feitos em Stuttgart, a carroçaria é fornecida já pintada pela fábrica da VW localizada em Hannover, e a montagem final ocorre em Leipzig.

A crise econômica mundial impediu esse intento, agravando os problemas financeiros da Porsche, quando seu maior mercado, os Estados Unidos, reduziram em 50% o volume de importações dos esportivos alemães.

Aproveitando-se desse momento vulnerável, em agosto de 2009 a VW comprou 49% das ações da Porsche AG, visando fazer uma fusão entre os dois.

Com a participação do Catar, país produtor de petróleo do Oriente Médio, que amortizou a dívida da Porsche através da compra de ações, a Volksvagen ganhou a queda de braço, e a empresa de Stuttgart fundiu-se com grupo Volkswagen, que detém as marcas Audi, Seat, Skoda, Bentley, Bugatti, Lamborghini, Scania, MAN e a própria Volkswagen.