Jogo de cena – Os presidentes da Câmara e do Senado, deputado Marco Maia (PT-RS) e senador José Sarney (PMDB-AP), respectivamente, decidiram criar uma comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) para investigar a relações políticas de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso durante a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, acusado de comandar um esquema de jogos ilegais.
De acordo com Marco Maia, o presidente do Senado assumiu o compromisso de conversar com os líderes partidários para decidir sobre a CPMI. Maia está otimista em relação à criação da CPMI, pois, segundo ele, todos os líderes da Câmara apoiam a iniciativa. O número mínimo de assinaturas, de 27 senadores e de 171 deputados, deve ser alcançado nos próximos dois dias.
A instalação da Comissão e o início dos trabalhos, segundo o presidente da Câmara, deverá acontecer no início da próxima semana. Marco Maia, que espera que os trabalhos da comissão não prejudiquem o andamento dos trabalhos legislativos de ambas as Casas, disse que preocupados devem ficar os que constavam da lista de Carlinhos Cachoeira.
A estratégia de se criar uma CPMI para investigar o escândalo que atingiu principalmente o senador Demóstenes Torres cumprirá dois objetivos. O primeiro é produzir uma cortina de fumaça para o caso do “Mensalão do PT”, que será julgado em breve no Supremo Tribunal Federal. O segundo é fazer sangrar politicamente os partidos de oposição até as eleições municipais.
Imaginar que a Comissão desvendará por completo a rede de relacionamento de Carlinhos Cachoeira é como acreditar em Papai Noel. Afinal, no rol dos envolvidos com o contraventor goiano há políticos de todos os matizes ideológicos, sendo que em muitos casos há gravações dos encontros.