Protógenes Queiroz precisa explicar conselhos para que araponga atrapalhasse investigações da PF

Metralhadora giratória – A CPI para investigar o contraventor Carlos Augusto Ramos, que no submundo dos jogos de azar é conhecido como Carlinhos Cachoeira, ainda está no papel, mas já tem político sendo alvejado por denúncias que podem ser classificadas como “bala perdida”. Incentivador da Comissão que investigará os tentáculos políticos de Cachoeira, o delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), alvo de grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, disse que é vítima do esquema do bicheiro goiano.

Protógenes foi flagrado em pelo menos seis conversas estranhas com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, araponga que teria participado de maneira informal da Operação Satiagraha e que até recentemente era um dos mais atuantes membros do esquema criminoso de Carlinhos Cachoeira. Nos telefonemas que foram filtrados pelo sistema “Guardião”, o agora deputado Protógenes marca encontros com Dadá, além de orientá-lo sobre como dificultar as investigações abertas pela corregedoria da PF contra o ex-delegado.

“Eu sou vítima do sistema Cachoeira; as acusações são levianas, servem para criar uma cortina de fumaça e inclusive atrapalhar a CPI. O diálogo relatado está fora de contexto do esquema criminoso”, afirmou Protógenes Queiroz na quarta-feira (11).

De fato as gravações vazadas até então não indicam qualquer ligação de Protógenes com o grupo de Carlinhos Cachoeira, mas mostra sua intimidade com Dadá, que foi preso pela Polícia Federal juntamente com o bicheiro. O problema está no teor da conversa do delegado com o araponga, pois um agente da lei não pode, em qualquer hipótese, dificultar uma investigação, mesmo que meramente administrativa.

A polêmica fica por conta do discurso moralista que Protógenes usou para se eleger, algo que mais uma vez desmorona diante do novo capítulo da fábula que tem Carlinhos Cachoeira como personagem central. A ironia se faz presente nessa ópera bufa em que se transformou o mais recente escândalo de corrupção da República, pois até o começo desta semana o próprio Protógenes recolhia assinaturas para a criação da CPI do Cachoeira. Ou seja, no final da história prevaleceu a tese do veneno caseiro.