Senadores que recusaram a relatoria do caso Demóstenes Torres devem explicações imediatas ao Brasil

A política brasileira viveu mais um espetáculo pífio na quinta-feira (12). Integrantes do Conselho de Ética do Senado Federal, cinco senadores recusaram a missão de relatar o processo por quebra de decoro contra Demóstenes Torres, acusado de ligações com o contraventor goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Fugiram da responsabilidade os senadores Edison Lobão Filho (PMDB-MA), Gim Argello (PTB-DF), Romero Jucá (PMDB-RR), Ciro Nogueira (PP-PI) e Renan Calheiros (PMDB-AL).

Para a sorte do Partido dos Trabalhadores, que deseja criar uma cortina de fumaça sobre o caso para desviar a atenção no julgamento do escândalo do “Mensalão do PT”, o senador petista Humberto Costa (PE), que teve o nome envolvido no imbróglio da “Máfia dos Sanguessugas”, será o relator. E todos os que recusaram a relatoria o fizeram alegando razões de foro íntimo.

Muito antes de ter um “P” inserido à frente do próprio nome, o MDB, velho de guerra, condenava as barbaridades cometidas pelos integrantes da ditadura militar, a começar pelos casos de corrupção. Agora no poder, o PMDB renega a própria história (que poderia ser estória) e foge do compromisso de defender os interesses da sociedade brasileira. Mas até certo ponto essa vergonhosa cena é explicável, sem considerarmos os peemedebistas que se recusaram a relatar o processo contra Demóstenes.

A estranheza maior ficou por conta do senador piauiense Ciro Nogueira (PP), que até outro dia defendia a moralidade no caso do seu companheiro de partido, deputado Mario Negromonte (PP-BA), acusado de transgressões no Ministério das Cidades. O lampejo de moralismo que acometeu Ciro Nogueira serviu apenas para que o parlamentar piauiense instalasse no comando da pasta das Cidades um dos seus tutelados, Aguinaldo Ribeiro, deputado federal pela Paraíba. No enxadrismo político patrocinado pelo PP, Aguinaldo funcionou como “bispo” no tabuleiro comandado pelos senadores Ciro Nogueira e Benedito de Lira (AL), que patrocinaram uma intifada na bancada.