Chuva arrasa São Paulo nos últimos dois dias, mas Gilberto Kassab finge que o problema não lhe pertence

(Foto - Leandro Martins - Agência Estado)
Submarino paulistano – Sexta maior cidade do planeta, São Paulo amanheceu melhor nesta sexta-feira (13). Pelo menos é assim que pensa o prefeito Gilberto Kassab (PSD), que no dia anterior anunciou as punições às escolas de samba que patrocinaram um quebra-quebra durante a apuração do Carnaval deste ano, no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte da capital paulista.

Entre as punições anunciadas, algumas agremiações carnavalescas deixarão de receber a ajuda financeira da prefeitura, que neste ano foi de aproximadamente R$ 700 mil. Causa espécie o fato de uma autoridade – o que não é privilégio de Kassab – investir dinheiro público em escolas de samba, quando é sabido que os desfiles custam muito mais do que os valores oficialmente declarados e são financiados com dinheiro da contravenção e do crime.

O mais estranho é que durante o anúncio das punições Kassab não fez qualquer menção de que poderia falar sobre a tragédia que nos últimos dois dias se abateu sobre São Paulo, transformada em uma espécie de Veneza tropical por conta das chuvas. A mais importante cidade brasileira simplesmente naufragou, com ruas e avenidas inundadas, motoristas fugindo a nado e pedestres pendurados em muros e grades para escapar da enxurrada.

(Foto: Alex Silva - Agência Estado)

Com mais de 200 quilômetros de congestionamento, a Pauliceia Desvairada viu muitos dos semáforos entrarem em pane, árvores caíram por toda parte. Chegar em casa exigiu paciência dos motoristas, que passaram três horas nos canais em que se transformaram as vias da cidade.

Pelo menos desde 1500 sabe-se que nessa época do ano a força das chuvas provoca estragos de toda ordem, mas jamais as autoridades ousaram solucionar um problema que é crônico e cada vez mais assustador. A cidade tornou-se impermeável e os poucos bueiros existentes, alguns entupidos com lixo, são insuficientes para escoar as fortes e volumosas águas de Pedro.

(Foto: Carolina Leal - Folhapress)

Por certo alguém dirá que a culpa não é só de Gilberto Kassab, mas como outros ele se elegeu a bordo de um discurso ufanista e recheado de promessas. Sendo assim, cabe ao munícipe cobrar soluções daquele que está no poder. Se os afetados pelas chuvas dos últimos dois dias decidissem procurar os postos de saúde da cidade para cuidar das enfermidades decorrentes do naufrágio, o sistema de saúde paulistano entraria em colapso. É por essas e outras que os índices de aprovação de Kassab sempre giram na casa dos 20%.