Oposição quer ouvir na Câmara os envolvidos na misteriosa e repentina venda da Delta

Caso de polícia – O Partido Popular Socialista (PPS) apresentará, nesta quinta-feira (10), na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, pedido de audiência pública para debater a compra da Delta Construções, que está no centro da investigação sobre a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, pelo grupo do frigorífico JBS, que nos últimos anos recebeu aporte de mais de R$ 10 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), quer ouvir o ex-presidente do Banco Central no governo Lula e atual presidente do conselho de administração da holding J&F, que controla o frigorífico JBS, Henrique Meirelles; o novo presidente da construtora Delta, Carlos Alberto Verdini; e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Bueno considera a operação suspeita e diz que, como o governo detém mais de 30% das ações da JBS, a Câmara precisa acompanhar de perto os detalhes do negócio e confirmar se haverá envolvimento de dinheiro público no acordo.

“A compra da Delta pelo grupo JBS nada mais é do que uma negociata, em os corretores de alto valor de mercado do PT estão envolvidos nesse processo de venda dessa empresa, que leva bilhões de reais do dinheiro público. A Delta leva, por exemplo, bilhões de reais do governo do Rio de Janeiro, com amizades que não se pode de forma alguma deixar passar em branco. Não é possível que tanto dinheiro é jogado em empresas em negociatas dessa forma! Até onde essa gente quer chegar? Até onde este Governo quer chegar? Essa é a grande pergunta que nós precisamos fazer. A desfaçatez tomou conta, o cinismo tomou conta [deste governo]”, critica o deputado.

Rubens Bueno ressalta ainda que se não bastasse as denúncias apresentadas, “da maior gravidade”, não só referente a questão do Cachoeira e os seus “afluentes”, suas empresas laranjas, mas também no que diz respeito a outras empresas envolvidas, de repente, aparece como manchete dos jornais a notícia de que a empresa JBS está comprando a empresa Delta. “Precisamos dar um basta em negócios escusos patrocinados pelo PT e seus consultores. Acabar com o patrocínio governamental a acordos privados que, normalmente, beneficiam doadores de campanhas petistas”, alertou o parlamentar.

O líder do PPS lembra também que o Congresso votou recentemente uma medida provisória colocando bilhões de reais na conta da JBS. “A empresa pediu esse dinheiro para exportar, e até agora não fez nada disso. E agora aparece essa JBS, com o dinheiro do BNDES, para comprar a empresa Delta, que, neste momento, está sub judice da opinião e da sociedade brasileira. É incrível! Há processo até de idoneidade junto ao próprio Governo, e esse processo não é levado em consideração”, critica o deputado.

Em um país minimamente civilizado e com governantes responsáveis, esse tipo de transação jamais ocorreria, pois cheira a um arranjo para evitar que escândalos de corrupção se propagem na opinião pública. Se essa operação tivesse ocorrido nos tempos em que o PT engrossava as fileiras da oposição, certamente a gritaria seria maior e mais ruidosa. A sociedade precisa reagir rapidamente aos desmandos que têm o Palácio do Planalto como nascedouro, pois do contrário a ditadura civil será um destino inevitável.

Nessa operação para salvar a Delta Construções, impedindo que as verdades sobre a evolução meteórica da empresa na última década sejam descobertas, é um negócio bilionário que será rentável não apenas ao grupo que está comprando a empreiteira, mas para muitos companheiros e apaniguados envolvidos no processo. É de se estranhar o fato de o empresário Fernando Cavendish ainda estar em liberdade. Em qualquer rincão sério fora do Brasil esse senhor já estaria devidamente preso.