Governo aposta em antídotos pontuais para a crise, mas conjunção de dados revela futuro nada sombrio

Muita atenção – O panorama econômico brasileiro não é dos mais animadores, mas as autoridades palacianas insistem em vender a segunda bolha de virtuosismo, pois a primeira, barganhada por Lula, estourou há algum tempo e jê vem fazendo estragos em todos os cantos do País.

Consultados pelo Banco Central, economistas reduziram, na última semana, a estimativa para a inflação e para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2012, conforme o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (11). Em outras palavras, o que já estava ruim pode ficar ainda pior.

Fantasma da economia

Segundo o resultado da consulta, que teve no alvo mais de cem instituições financeiras do País, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano passou de 5,15% para 5,03%. Para 2013, a expectativa permaneceu estável em 5,60%. Consultados sobre o PIB, os economistas reduziram para 2,53% a previsão de crescimento em 2012, o que significa, caso seja confirmada a previsão, desaceleração da economia em comparação com o ano passado, quando o PIB avançou desanimadores 2,7%.

Taxa de juro

Em relação à taxa básica de juros, reduzida de 9% para 8,5% ao ano na última reunião do Copom, a estimativa do mercado financeiro permaneceu estável em 8% ao ano em julho, o que indica um novo corte de meio ponto percentual até o fim do próximo mês. Segundo os economistas consultados, a Selic deve fechar o ano nesse patamar (8%). Para o fim de 2013, contudo, a previsão recuou de 9,38% para 9% ao ano, ou seja, o mercado aposta em aumento menor das taxas de juro no próximo ano.

Raio-X da verdade

Os especialistas do governo preferem creditar esse recuo da projeção da inflação e da taxa de juro como resultado das intempéries na economia internacional. Jamais admitirão que trata-se de um reflexo imediato da queda no consumo interno, situação que de forma irresponsável os palacianos tentam reverter com juro mais baixo e redução do IPI incidente sobre determinados produtos, começando pelos automóveis.

O Palácio do Planalto tem tratado a crise internacional como um problema pontual e passageiro, com possibilidade de solução para breve. A crise atual, na verdade, é mais um capítulo tenebroso da turbulência financeira que, em 2008, teve o “subprime” norte-americano como nascedouro. Tem ingredientes para durar mais alguns anos e produzir consequências imprevisíveis. Não será uma repetição menos perigosa da crise de 1929, que precedeu a Grande Depressão de 1930, pois o sistema bancário global é mais sólido, o que impede a corrida aos bancos, o que levou, na década seguinte, dez mil instituições financeiras à bancarrota.

Os primeiros sinais de resistência da crise podem ser conferidos na situação enfrentada pela Espanha. Depois do anúncio de que 100 bilhões de euros serão disponibilizados para salvar os bancos do país, o mercado financeiro internacional reagiu de maneira acanhada. E as Bolsas ao redor do planeta registraram esse quadro. No Brasil, a Bovespa encerrou os negócios nesta segunda-feira (11) com queda de 0,79%. Sinônimo de que ajuda à Espanha foi interpretada como limitada para conter a crise, que coincidentemente tem a bolha imobiliária local como um dos ingredientes.

Como reflexo dessa preocupação global, a cotação do dólar, no mercado brasileiro, registrou alta de 1,64% e fechou o dia valendo R$ 2,05. Em outro lado do cenário econômico nacional chama a atenção a disparada da venda de imóveis novos, que vem registrando altas seguidas. Esse tipo de negócio movimenta a economia, mas um pífio crescimento do PIB pode significar perda do poder de pagamento do cidadão, o que geraria uma onda de inadimplência no setor imobiliário. É fato que esses financiamentos têm os próprios imóveis como garantia, mas banco não tem vocação para ser imobiliária, caso ocorra uma onda de retomada do bem financiado.

O quadro se agrava quando é analisada a inadimplência, que tem crescido de forma assustadora, em especial no setor de financiamento de automóveis. Nesta segunda-feira, o SCPC divulgou os resultados de uma pesquisa que aponta crescimento de 2,15% na devolução de cheques em maio, maior alta desde julho de 2009, quando o índice alcançou 2,17%. A devolução de cheques está em ritmo de alta desde outubro de 2010, o que sinaliza perigo.

Só enxerga céu de brigadeiro no meio da tempestade quem que ser iludido. Não é de agora que o ucho.info alerta para os problemas da economia brasileira e as medidas adotadas pelos palacianos para reverter uma situação que decorre das atitudes absurdas cometidas por Luiz Inácio da Silva, que continua correndo o mundo e arrebatando títulos que só desqualificam as instituições que lhe concedem as honrarias.

O estrago provocado por Lula, que colocou por terra o esforço de anos da sociedade como um todo, exigirá dos brasileiros pelo menos cinco décadas para que os reparos sejam implementados e apresentem resultados concretos. Certo estava aquele filósofo quando disse “nunca antes na história deste país”.