Dois pesos – Réu no caso do “Mensalão do PT”, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, o “Pedro Caroço”, convocou estudantes para saírem às ruas para defendê-lo durante o julgamento do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), cujo início está maçado para o dia 1º de agosto. A convocação aconteceu na tarde do último sábado (9) durante o 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), entidade ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
“Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês”, disse Dirceu.
“Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel”, emendou o ex-ministro acusado de ser o chefe dos mensaleiros.
José Dirceu pode alegar o que bem entender na tentativa de provar sua inocência, mas ele próprio não pode ignorar seu discurso durante o processo de cassação do então deputado federal Ricardo Fiúza (PFL-PE), acusado no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Anões do Orçamento”. Na tribuna da Câmara, o então deputado José Dirceu disse que para se cassar um mandato eletivo não eram necessárias provas, mas apenas evidências.
O tempo passou e Dirceu, agora um situacionista que abusa dos negócios nas coxias do poder, defende que o julgamento do mensalão deve se limitar aos autos, ou seja, às provas existentes no processo. Ao petista não importa o que dizem os outros réus e muito menos o que pensam os ministros do STF acerca do caso.
Esse detalhe de seu discurso a favor da cassação de Fiúza foi resgatado pelo ucho.info e serviu como combustível extra na votação da perda de seu mandato no plenário da Câmara. O então deputado federal Nelson Trad (PMDB-MS), favorável à cassação de José Dirceu, leu a partir da tribuna da Câmara a matéria deste site que trouxe a pretérita fala do ex-comissário palaciano.
